Desde oito de julho, os veículos são obrigados a trafegar com o farol baixo aceso nas rodovias brasileiras também durante o dia. E o descumprimento é considerado infração média, com a penalidade de quatro pontos na Carteira Nacional de Habilitação e multa de R$ 85,13. E 3.000 motoristas já foram multados nas rodovias federais nos três primeiros dias pela Polícia Rodoviária.
Essa medida não é nova, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) recomendava o uso de faróis baixos desde 1998. Isso era feito para tornar os veículos mais visíveis. Acreditavam que is veículos modernos tem formas e cores que os fazem confundir com o ambiente, dificultando a visualização mesmo em condições de boa luminosidade.
Há aqueles acreditam em teorias de conspiração e pensam que a medida visa facilitar a atuação dos radares de velocidade. Obviamente, isso não faz muito sentido, já que os “radares” fixos utilizam sensores instalados na pista e os móveis usam ondas de rádio, o tradicional, ou láseres e o uso de faróis não ajuda nem atrapalha.
Em São Paulo, que é o estado mais organizado, a Polícia Rodoviária e as concessionárias das rodovias orientam os motoristas em praças de pedágio e mensagens em painéis eletrônicos desde a publicação da lei.
Não se pode ignorar que o Brasil apresenta uma taxa de 23,4 mortes no trânsito para cada cem mil habitantes, segundo estimativas divulgadas Organização Mundial de Saúde. Este é o quarto pior desempenho do continente americano atrás de Belize, República Dominicana e Venezuela, que é a campeã do continente com 45,1 mortes por cem mil habitantes. Segundo a OMS, o número de mortos nas estradas em todo o mundo pode chegar a 1 milhão por ano até 2030.
Mais de 90% de mortes no trânsito ocorrem em países que detêm 82% da população mundial, mas apenas 54% de veículos. Entre causas citadas estão a regulamentação inadequada, qualidade ruim das vias e dos veículos e aumento do numero de carros. Os acidentes envolvendo veículos são a nona maior causa de morte no mundo para a faixa etária de 15 a 69 anos.
No Estado de São Paulo, que tem dados confiáveis, a Folha de S. Paulo, solicitou informações usando a Lei de Acesso à Informação, e verificou que metade das mortes nas estradas paulistas nos últimos três anos acontece em apenas 5% do total da malha rodoviária estadual.
São Paulo tem 22 mil km de estradas estaduais, mas os trechos mais fatais limitam-se a 1.082 km, onde morreram 3.111 das 6.222 vítimas registradas em 5.410 acidentes entre 2013 e 2015. Os números referem-se a acidentes que deixaram mortos no local em que aconteceram, incluindo as rodovias concedidas à iniciativa privada.
Embora essas rodovias concentrem dois terços do tráfego das rodovias paulistas, isso não pode ser usado como desculpa, antes como oportunidade para reduzir-se não só a quantidade mas a gravidade dos acidentes e agilidade do socorro. Lembro-me que na década de 1970, um país nórdico pendurava os carros destroçados em acidentes ao longo das rodovias, parece que funcionou!
Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.
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