O número de academias no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Academias (ACAD), aumentou mais de 100%. Ante tal expansão, falta de obrigatoriedade de atestados médicos para os frequentadores preocupa os cardiologistas.
Desde 2013, as academias de São Paulo não são obrigadas a exigir exames médicos semestrais e na admissão de cada um dos seus alunos. A mesma dispensa aconteceu em outros estados. Isso tem preocupado médicos e entidades que trabalham para reduzir casos de infarto em atletas e praticantes.
A aparência saudável não garante que a saúde do coração vá bem. Assim, para não colocar a vida em risco, é importante fazer alguns exames antes de iniciar qualquer atividade física, alerta o médico Nabil Ghorayeb, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP).
“Entre maio e abril deste ano, informalmente foram contabilizadas 15 mortes de pessoas em academias e pistas públicas de treinamentos. As vítimas tinham entre 20 e 30 anos de idade e não fizeram avaliações médicas antes de iniciar as atividades. Três desses casos aconteceram na cidade de Campinas. Vale ressaltar que, até o momento, não se conhece os fatores que levaram os jovens a óbito, mas exames preliminares poderiam ter evitado as mortes”, pondera o cardiologista.
Esses casos reacendem o debate sobre a necessidade das academias exigirem avaliação médicas antes de ministrarem qualquer treinamento a seus frequentadores. O especialista da SOCESP frisa que não basta responder um questionário sobre o histórico de saúde do esportista.
O médico explica que os exames devem ser prescritos por um cardiologista, que pedirá um teste ergométrico para aqueles indivíduos que tenham fatores de risco iminentes ou com idade acima dos 40 anos. “Mas, se a pessoa fará exercícios intensos, como maratona, triátlon, crossfit e spinning, tem de passar por uma avaliação mais detalhada, conforme as diretrizes da cardiologia do esporte”.
O especialista ressalta que mesmo quem iniciará atividades mais leves precisa submeter-se a um checkup para ver como está a saúde cardiovascular. Após os exames, deve pedir um atestado médico, sem custos adicionais.
Outra questão importante, segundo o médico, é a qualidade do atestado. “Se o documento estiver mal feito ou não traga nenhuma informação importante referente à atividade que o paciente irá iniciar, o indivíduo poderá recorrer ao Código de Defesa do Consumidor. No caso de óbito, a família do paciente pode acionar judicialmente o médico que fez o atestado”.
Segundo Dr. Nabil, é importante iniciar a prática de atividade física, mas sempre com a orientação de um especialista. Os exercícios propiciam benefícios, como a prevenção de doenças cardiovasculares, obesidade, hipertensão e diabetes. (Assessoria de Imprensa SOCESP)