A atual crise entre o executivo federal e o parlamento nacional é fruto da dubiedade do governo federal.
 
A crise começou com a  Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO 2020) e a Lei Orçamentária Anual( LOA 2020). 
 
O próprio Governo Federal concordou em impositivar todo o orçamento da União, dando ao Parlamento o poder de decidir onde 100% dos recursos serão alocados, de forma definitiva e impositiva. Isso foi feito nas duas leis, LDO 2020 e LOA 2020. 
 
O estopim da crise surgiu com posições antagônicas dentro do próprio governo. Grande parte do governo Bolsonaro defende o princípio da impositividade no Orçamento da União, principalmente a área econômica, enquanto que a outra, se posiciona terminantemente contra. 
 
A parte defensora da impositividade total do Orçamento da União trabalhou para aprovar a sua tese, no parlamento brasileiro, e incluí-la nas leis orçamentárias, enquanto que a parte contrária à ideia ficou omissa.
 
Somente após bastante tempo de aprovadas as referidas leis, é que os membros do governo, contrários à tese defendida pela equipe de Paulo Guedes, começaram a trabalhar no sentido de tornar sem efeito a ideia da impositividade do orçamento.
 
Pela falta de unidade de pensamento, no âmbito do governo, é que essa crise foi criada. E o pior, nisso tudo, é a estratégia que está sendo usada para tentar corrigir os efeitos dos erros. A tática de confronto entre os poderes constituídos, somado à crise mundial, em função do Coronavírus, pode comprometer o crescimento econômico do Brasil. 
 
A minha sugestão é que o presidente Jair Bolsonaro se reúna com a sua equipe econômica, os presidentes das duas casas legislativas, Câmara e Senado, e os líderes dos partidos que são simpáticos ao seu governo, para um entendimento em relação à causa da crise: a impositividade do orçamento. 
 
Napoleão ensinou que, em política, é preciso curar os males e nunca vingá-los. Agora cabe ao presidente Jair Bolsonaro curar os males produzidos pelos equívocos do seu próprio governo. Não pode ser atribuído erro ao parlamento que busca o empoderamento, mas sim ao executivo, que, por falta de habilidade política, deixa o poder escorrer por suas mãos. 
 
Hildo Rocha
Deputado Federal 
Administrador de Empresas