Servidores da DPE, em São Luís, que participaram da roda de conversa, no auditório da instituição

São Luís - Durante roda de conversa ocorrida no auditório da Defensoria Pública do Estado (DPE/MA), por iniciativa da Ouvidoria Geral, foram discutidas estratégias voltadas ao aperfeiçoamento do atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica e familiar e no acompanhamento de demandas envolvendo os direitos da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais). Na oportunidade, foi colocada a necessidade de se manter uma escuta sensível às demandas desse público, de modo a garantir atendimento digno e acolhedor.
Presente ao encontro, a psicóloga Cleudes Cristina Lima, que atua diretamente no atendimento ao público, falou das dificuldades na identificação imediata dos casos de violência, envolvendo mulheres que buscam a Defensoria.
“As mulheres que sofrem violência e que procuram os serviços públicos precisam se sentir seguras para relatar uma situação de violência. Muitas têm vergonha e culpa, daí a importância de capacitações permanentes que permitam facilitar a identificação de tais demandas e promover os encaminhamentos necessários no menor espaço de tempo possível”, ponderou Cleudes Lima.
Em relação ao público LGBT, o superintendente do sistema de atendimento ao público, da DPE/MA, José Ribamar Sousa Filho, explicou que os servidores são orientados a utilizar o nome social das travestis para sua identificação, e que eventuais ajustes no atendimento têm sido feitos à medida que os problemas são observados.
Para a presidente do Conselho Estadual da Mulher, Celize Azevedo, iniciativas como essa são sempre bem-vindas para despertar a formação de uma consciência crítica cada vez mais livre de preconceitos. “O conhecimento é fundamental para ultrapassarmos essas barreiras e começarmos a reduzir os lamentáveis índices de violência contra a mulher e a população LGBT”, disse a conselheira, que também responde pela presidência do Grupo de Lésbicas do Maranhão (Grupo Lema).
O coordenador do grupo Gayvota, Carlos Alberto Lima, lembrou que a DPE é hoje a única instituição que oferece atendimento especializado ao público LGBT no estado. “O órgão mais uma vez inova quando chama a sociedade civil para discutir como aprimorar essa assistência. Trata-se de uma demonstração de respeito a esse público”, avaliou.
Durante o encontro, a ouvidora da Secretaria de Estado da Mulher (Semu), Leda Rego, também se manifestou sobre o trabalho desenvolvido pela DPE. “Como ouvidora, sei o quanto é importante essa capacitação para mudarmos a realidade enfrentada por muitas mulheres vítimas de violência, além das demandas do público LGBT, quando buscam atendimento no serviço público”.
Coordenando a roda de conversa, a ouvidora geral da DPE, Mari-Silva Maia, falou da importância do encontro para estabelecer o fluxo de atendimento adequado à mulher e à população LGBT. Disse, ainda, que esta é a primeira de uma série de rodas de conversa que será realizada pela instituição entre janeiro e fevereiro deste ano, voltada ao aperfeiçoamento do atendimento nos núcleos especializados da Defensoria, entre eles, o da infância e juventude e o da execução penal.
Conforme a programação, a defensora Ana Lourena Moniz, titular do Núcleo da Mulher e da População LGBT, fez um apanhado das ações e atendimentos acompanhados pela instituição nos quase dois anos de criação do núcleo, esclareceu dúvidas terminológicas sobre questões de gênero e, ainda, atualizou os participantes sobre as mais recentes alterações legais direcionadas aos dois públicos.
Ao final da roda de conversa, a corregedora da DPE, Fabíola Barros, destacou que a instituição procura através dessas iniciativas buscar a excelência no atendimento. “Trabalhamos com públicos diversos, com uma quantidade limitada de recursos humanos, tanto de defensores quanto de servidores. Para que todos sejam atendidos de maneira satisfatória é preciso monitorar constantemente a rotina de atendimentos, adequando-a as demandas que surgem. A participação da sociedade civil nesse processo tem sido fundamental. Precisamos continuar aperfeiçoando essa interação com os movimentos sociais, de modo a estabelecer parcerias cada vez mais propositivas, com foco na melhoria continuada das ações desenvolvidas pela instituição”, assinalou.