James Pimentel

A projeção no aumento de vendas do comércio varejista para o Dia dos Pais é de 1%, segundo dados divulgados pelo SPC Brasil na semana passada. Essa expectativa repete o volume esperado no Dia dos Namorados e está bem abaixo do que era esperado no Dia das Mães (5,5%). Mas isso tem uma triste razão: em grande parte dos lares maranhenses não existe a presença de um pai.
Esse fato é comprovado pelo censo divulgado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a publicação (gráfico), em mais de cem mil lares do estado residem mãe sem cônjuge e com filhos.
Os motivos da ausência do pai nas residências maranhenses podem ter sido causados por morte, abandono da família ou mesmo traição.
Abandono da família - A estudante Elky Marinho, 20, conta, emocionada, que sua mãe separou-se do seu pai quando ela tinha apenas três meses de vida. Ao crescer, chegou a conhecê-lo, mas nunca chegou à intimidade e nem a um relacionamento com o pai.
Sobre como foi comemorada a data em todos esses anos, ela é direta na resposta: “Para ser bem sincera, eu não senti tanto a ausência dele nessa data ou em outras, porque ele nunca se fez presente. É como se não tivesse significado pra mim. Então, se tornou algo natural de se ver passar todos os anos”, diz a estudante.
Traição – O estudante Dimitry Carvalho, 23, conta que houve um tempo em que veio à tona a verdade de que seu pai mantinha relações extraconjugais. Ele, o pai do estudante, trabalhava em hospital e mentia sobre plantões para passar a noite fora de casa. Quando sua mãe descobriu, quis acreditar que ele iria mudar, mas não teve jeito: terminou em separação.
“Há algum tempo o Dia dos Pais era frustração para mim. Cheguei a dizer que eu odiava ele e que não queria ele perto de mim, mas nos últimos anos tenho aprendido o poder do perdão. Comecei a perceber que guardar rancor não ia trazer benefício nenhum pra mim nem pra ele, e que o ódio não ia mudar o que tinha acontecido. Se eu quisesse que daquele momento em diante algo diferente acontecesse, eu era quem tinha que agir, então o perdoei”, relata o estudante. Ainda segundo ele: “Comemorar o Dia dos Pais tem sido bem mais leve depois disso”.
Morte – A professora Alessandra Ferreira, 30, perdeu o pai há um pouco mais de três anos. Sobre como é comemorada a data hoje em dia, ela desabafa: “É difícil, como se pode imaginar. No primeiro ano, foi bem complicado. Era difícil falar sobre a ausência dele, sabe? Por que a perda ainda estava bem recente. Mas, com o passar do tempo, a tristeza foi dando lugar à saudade. E, hoje, os momentos difíceis não causam mais tanta tristeza. Só restam doces lembranças”.