Nos próximos anos, crescerão os desafios para mobilidade urbana nas metrópoles internacionais. Até 2030, a estimativa é de que a frota de carros, em todo o mundo, deva crescer cerca de 3% ao ano. Além disso, aproximadamente 75% da população mundial vão morar em cidades até 2050. 
No Brasil, a situação não é diferente. Segundo pesquisa do Projeto Sinal Livre realizada em 2014 em cidades como Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza, 47% dos entrevistados adota o automóvel como principal meio de transporte, seguindo as tendências exteriores. A prioridade ao foi dada recentemente, visto que 38% dos participantes trocaram de transporte nos últimos cinco anos – destes, 54% mudaram de transporte público para carro ou moto e 17% declararam ter passado a andar a pé. Esses números, por si só, exigem criativas soluções para a circulação de tantas pessoas dentro do próprio município.
Apesar da escolha por automóvel, muitos jovens têm optado por serviços de mobilidade compartilhados. Eles permitem que os usuários dividam carona ou mesmo o uso do mesmo carro, em horários estabelecidos pelos próprios interessados. Nos países da Europa, muitos fabricantes estão apostando nesta tendência com vistas a ampliar o volume de vendas, principalmente entre clientes com idades de 18 a 34 anos. Em algumas cidades, também é notável o aumento da troca de informações sobre acidentes, obras, desvios e outros problemas de trânsito por meio das redes sociais. Esta é uma tendência que deverá ser maior no futuro próximo – não apenas no que diz respeito ao tráfego de automóveis, mas também para o transporte coletivo.
Os desafios são grandes e não basta apenas o uso compartilhado de um módulo de transporte público ou particular. Também são necessárias ferramentas modernas que contribuam para melhor gestão dos espaços e vagas em centros de compras, prédios comerciais e locais públicos. Os longos períodos de tempo presos no tráfego afetam a qualidade de vida dos motoristas e aumentam os riscos de acidente em cidades de pequeno e grande porte. Dados da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) indicam que tais acidentes geram, anualmente, um prejuízo de R$ 40 bilhões aos cofres brasileiros.
Países que investiram em soluções para o trânsito, como Portugal, Espanha e Irlanda, conseguiram reduzir o número de acidentes em até 50%. Como instrumento, as mais recentes implementações tecnológicas são desenvolvidas para apoiar as iniciativas em prol de uma mobilidade urbana melhor e mais segura. Automatizadores para portões e pilares automáticos, além de soluções modernas de parqueamento, permitem a gestão do espaço público de forma atualizada, garantindo mais segurança a motoristas e pedestres.
Entre as maiores tendências em mobilidade urbana, estão as leis que desestimulam o uso abusivo dos automóveis. Elas causam mudanças rápidas no consumo de transportes de diferentes modalidades. No Reino Unido, alterações na tributação dos carros de pessoas jurídicas levaram a uma diminuição significativa nas frotas de veículos corporativos. Criada nos anos 1990, a taxa de congestionamento estabelecida pelo governo de Londres reduziu em 18% o trânsito na cidade inglesa.
A combinação dessas tendências é que desenvolverão um tráfego melhor para todos os habitantes, principalmente se considerarmos aspectos como a segurança do usuário e até mesmo os impactos socioambientais.

Marco Antônio Barbosa é especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas de marketing e negócios.