Vemos nos filmes de Hollywood os militares utilizarem o acrônimo “intel” para designar seus departamentos de inteligência e as informações que eles produzem, em geral para suas ações militares. A intel provém de espionagem, estudos, equipamentos de vigilância, etc.

O governo federal tem muitos militares, ou como classificou o ex-diretor do INPE: da mesma forma que o PT aparelhou o Estado com seus militantes, o presidente Bolsonaro aparelha com seus militares, como na pasta da Ciência e Tecnologia.

Com tantos assessores militares do alto escalão, seria de esperar que cada “intel” que o presidente utiliza para expressar suas teorias de conspiração correspondesse com alguma verdade e jamais com blefe ou “fake news”.

Ao acusar o cientista Ricardo Galvão a mando de alguma ONG internacional, esperava-se alguma prova ou evidência. O mesmo, quando acusou os cientistas do INPE de estar a serviço de interesses escusos. Ou ainda, quando acusa os integrantes das ONG ambientais de atearem fogo na floresta que eles defendem com risco à própria vida. A pior “intel” foi desconhecer que o INPE é a instituição que mais entende de desmatamento no mundo.

A Folha de São Paulo fez um levantamento junto ao Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, e constatou que das 820.455 ONG no país, apenas 8% delas estão na região Norte e 12,9% na chamada Amazônia Legal, que inclui o Maranhão e o Mato Grosso. No Nordeste, são 205.182 organizações. Ou seja, mais que o dobro de ONG atuam no nordeste brasileiro. Eita inteligência militar...

E a maioria das ONG nada tem a ver com o meio-ambiente. Eita inteligência militar... É muito claro que precisamos das ONG ambientais que, ao contrário das péssimas “intel”, tem muita gente no mundo que ama o Brasil, ama a Floresta, tem grande conhecimento e dedicam suas vidas à esta Pátria ingrata.

Aos mal informados vai uma intel importante e real: a agricultura do Brasil precisa da Floresta Amazônica e dos seus rios aéreos e também da ajuda financeira dos cidadãos do mundo que queiram doar, pois nosso Estado está falido. Para confirmar, o Fundo da Amazônia é o exemplo mais bem- sucedido e já arrecadou R$ 1,8 bilhão para projetos no bioma, doado em sua maioria por Alemanha e Noruega. Dispensar esse recurso por capricho é estupidez!

O pesquisador Carlos Nobre -aposentado que não para de trabalhar pelo país, ao contrário dos muitos militares que se aposentaram (ou reformaram) e agora gera intel inútil- afirma que a riqueza é a biodiversidade e cita o açaí que precisou ir ao Vale do Silício da Califórnia para virar quarenta produtos, uma vergonha para nossos empreendedores.

A região amazônica necessita de muitos recursos e de uma política forte que estimule e envolva muitas ONG, como a Projeto Saúde e Alegria que criou o projeto de barco-hospital para atender as comunidades mais remotas da Amazônia. E não se pode esquecer de fortalecer as pesquisas feitas por órgãos como o INPA, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia que desde 1952 vem acumulando conhecimento da Floresta.

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.