Willian Marinho
O problema entre índios da reserva Arariboia e exploradores de madeira ainda não chegou ao final, embora tenha, na última quarta-feira, sido realizada reunião na sede da Funai com representantes do órgão, do Ministério Público e da Polícia Federal, os quais ouviram as reivindicações de um grupo de índios que está acampado na sede da fundação. Apesar de entenderem que o clima é tenso e precisa de uma ação imediata, os representantes não chegaram a um denominador comum, como explicou o diretor em exercício da Funai, Francisco Martins.
"Todos sentimos a necessidade de promover uma ação na região, no entanto não há condições financeiras nem estrutura neste momento, o que acabou não agradando aos índios, que mantêm a afirmação de que vão permanecer até que seja dada uma solução ao caso".
O diretor em exercício informou ainda que vai continuar intermediando o caso e tentando encontrar uma solução.
O líder dos Guardiães dos agentes ambientais, da tribo Guajajara, Cal Guajajara, afirmou que ficaram frustrados com a reunião e agora só aceitam conversar se for com os chefes do MPF, diretor geral da PF e com o presidente da Funai. "Não queremos mais falar com eles, pois não resolvem. Vão fazer ainda um documento para levar aos chefes deles, requerendo dinheiro para a realização do trabalho. Então, não adianta nos reunir com eles".
Cal revelou ainda que o grupo está desprotegido, assim como seus familiares. Não dormem durante a noite e temem por suas vidas, pois os seus ameaçadores sabem que eles estão aqui denunciando e pedindo providências. Também informou que por duas vezes foi marcada a realização de uma operação na reserva, dia 12 de julho e dia 5 de agosto, e não aconteceu. Por isso é que estão acampados na sede da Funai, que por sua vez não marcou novo prazo.
O líder geral dos Guardiães do Meio Ambiente da TI acrescentou que na reserva tem aproximadamente 14 mil índios, sem contar os Guajás, os chamados "índios brabos", que ainda existem naquela região e também estão ameaçados, ficando de um lado para outro por conta da invasão dos madeireiros, que chegam por todos os lados.
"Somos muitos índios e que precisam de apoio não só para a questão das invasões, mas para a saúde e outros".
Ele alertou ainda que o rio Buriticupu, que cruza toda a TI, está secando e reduzindo peixes para a alimentação. Creditam essa situação aos fazendeiros, que desmatam suas nascentes e jogam veneno, colocando em risco a vida dos índios, especialmente dos Guajás".
Junto a um cacique, Cal Guajajara também pediu que a Casa do Índio, situada no Parque das Nações, próximo à TV Nativa, seja recuperada, pois lá tem espaço suficiente para servir aos índios que precisam vir a Imperatriz. "É um dos pedidos que estamos fazendo: recuperar e reformar a Casa do Índio. Lá é um bom lugar para a gente ficar e não aqui misturados e sem espaço", afirmou.
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