Um novo debate sobre a aposentadoria foi retomado recentemente com o anúncio do Governo de que ocorrerão mudanças em curto prazo. As propostas ainda passarão por debates, mas uma coisa é certa: ou ocorrem mudanças que dificultarão a aposentadoria, até mesmo diminuindo os valores a serem recebidos ou o atual modelo do INSS se mostrará insustentável. O que fica mais explícito é que: cada vez mais o brasileiro terá que ter educação financeira para poder usufruir de um período de aposentadoria sem problemas financeiros.
Claro que a aposentadoria pelo INSS possui grande importância, principalmente, para os trabalhadores menos abastados, pois estes, em sua grande maioria, não trabalharam preventivamente para o período de aposentadoria, o que faz com que esses ganhos sejam a única fonte de sobrevivência.
Porém, para alguém que realmente quer se planejar para uma aposentadoria sustentável a questão vai muito além de depender do governo, sendo fundamental a educação financeira. É preciso uma estratégia de aposentadoria que vá além da previdência pública, definindo valores a serem poupados e quais linhas de investimentos para aplicação, buscando melhores rendimentos. Assim, veja alguns passos para realizar um bom plano de aposentadoria.
1.    Descubra qual o padrão de vida você quer se aposentar, aposentadoria segura não significa ser milionário, é preciso encontrar um porcentual da renda que possa poupar. Se você deixar para poupar apenas a sobra, não vai conseguir.
2.    Quanto mais cedo começar a poupar, mais agressiva pode ser a estratégia. Quem está na casa dos 20 anos pode formar uma reserva de emergência entre 6 a 12 meses de salário, e a partir daí investir todo o resto do dinheiro nesse sonho. Sempre lembro, guardando R$ 300,00 por mês, em 30 anos pode se ter cerca de R$ 1milhão.
3.    Divida os objetivos e sonhos em três grupos de acordo com os prazos que pretende realizá-los, que são de curto, médio e longo prazo e invista o dinheiro de acordo com esses objetivos.
4.    Como a atratividade de cada tipo de investimento varia com o tempo, aconselho o poupador a rever a estratégia adotada a cada quatro ou seis meses. Além de eventuais mudanças na conjuntura econômica, também podem surgir boas oportunidades.
5.    Para não ter sustos, o poupador deve acumular um capital que renda o dobro do que ele precisa. Vamos supor que você ganha um salário de R$ 4 mil e terá uma aposentadoria pública de R$ 2 mil. Se sua aposentadoria complementar lhe pagar apenas R$ 2 mil por mês, um dia o dinheiro vai acabar. Mas, se os investimentos renderem R$ 4 mil, você saca metade e deixa a outra metade rendendo. Assim, o dinheiro se recapitaliza e se preserva.
Enfim, o futuro do nosso sistema previdenciário não dá para saber, o certo é que ele terá que ser repensado, pois, o modelo vigente se mostra insustentável para o futuro. O que temos claro é que o grande prejudicado com mudanças que ocorrerão serão os trabalhadores, que poderão ter que trabalhar mais, redução dos ganhos ou mesmo os dois.
Assim, a alternativa nesse momento é já se precaver, buscando inserir a educação financeira no cotidiano, na busca de um planejamento que projete uma aposentadoria sustentável sem depender do Governo.

Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira (Abefin), autor do best-seller Terapia Financeira (Ed. DSOP).