Amigo desde a adolescência do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, preso desde 2003 na Indonésia por tráfico de drogas, que dever ser executado por fuzilamento neste fim de semana, o fotojornalista Nelson Veiga, de 59 anos, acredita que a decisão pode ser revertida. “Acredito até o último instante que um milagre ainda pode acontecer”.
Archer trabalhava como instrutor de voo livre e foi preso em agosto de 2003, quando tentou entrar na Indonésia, pelo aeroporto de Jacarta, com 13,4 quilos de cocaína escondidos em uma asa-delta desmontada em sete bagagens. Ele conseguiu fugir do aeroporto, mas foi localizado após duas semanas, na ilha de Sumbawa. Archer confessou o crime e disse que recebeu US$ 10 mil para transportar a cocaína de Lima, no Peru, até Jacarta. No ano seguinte, ele foi condenado à morte.
Amigos de Archer criaram uma página no Facebook chamada Free Curumim (Libertem Curumim) para tentar salvar a vida do carioca. Veiga explica que curumim é uma referência ao apelido de Archer por ser o mais novo da turma de amigos que frequentavam as praias de Copacabana e Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro.
Segundo Veiga, os integrantes do grupo vêm se mobilizando para enviar mensagens para o presidente indonésio Joko Widodo pedindo clemência para Archer. “Nossa luta é para que ele não seja executado. Ele errou e ele mesmo reconheceu o erro”, disse Veiga, ao acrescentar que o governo brasileiro poderia ter sido mais atuante.
O cineasta Marcos Prado, que prepara um documentário sobre o caso do brasileiro, falou por telefone com Archer na terça-feira (13) e gravou a ligação. Prado postou na quinta-feira (15) o depoimento de Archer no YouTube. “Meu segundo pedido de clemência foi negado. Eu me encontro no corredor da morte. Meu nome está na lista desses 12 primeiros que serão executados. É um momento muito difícil para mim. Estou sofrendo. Sei que eu errei. Peço às autoridades do Brasil que zelem pelo meu caso. Eu mereço mais uma chance. Meu sonho é sair daqui e voltar para o Brasil”, destacou no depoimento.
Em conversa por telefone, Dilma Rousseff fez, na manhã de ontem, um apelo ao presidente da Indonésia em favor dos brasileiros Marco Archer e Rodrigo Gularte, condenado pelo mesmo crime. Widodo respondeu que não poderia atender ao apelo de Dilma, apesar de compreender a preocupação dela com os cidadãos brasileiros.
O presidente indonésio destacou que todos os trâmites jurídicos foram seguidos conforme as leis do país e que os brasileiros tiveram garantido o devido processo legal. As informações estão em nota divulgada pela Secretaria de Imprensa da Presidência da República.
Organizações de direitos humanos como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch também apelaram ao governo indonésio para evitar a execução, mas tiveram os pedidos negados. (Agência Brasil)
Publicado em Geral na Edição Nº 15210
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