No Brasil, vê-se muitas placas e instruções em luminosos e nas rádios para se manter distância do carro da frente, mas afinal, qual é essa distância? Em algumas poucas estradas, há marcadores pintados na pista indicando qual distância se deve manter. Mas essa orientação é pouco efetiva, ficando para o motorista usar o bom senso. E parece que o bom senso da maioria não tem senso algum.
Na América do Norte, por entender que a distância depende da velocidade (se dividir distância por velocidade, obteremos o tempo em segundo), orientam os motoristas a medir a distância contando os segundos entre o carro da frente e o próprio usando uma referência fixa. Com isso, criaram a regra dos 4 segundos, quando a velocidades estiver acima de 30 mph (ou 50 km/h), especialmente em tráfego intenso ou quando houver muitos obstáculos.
Assim, para velocidades acima de 50 km/h, manter-se 3 segundos do carro da frente já é considerada uma situação arriscada e perigosa. Com 2 segundos, considera-se extremamente arriscada e perigosa. E avaliando a agressividade na direção: 4s é uma situação de baixa agressividade, 3s é agressão moderada e 2s alta agressão. Na rodovia Dutra, ninguém mantém distância maior que 1 segundo, exceto eu que fico entre 2 e 3. Mas estou me esforçando para ficar nos 4 segundos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), dirigir um carro é o comportamento mais perigoso em que a maioria das pessoas se envolve todos os dias, cerca de 1,25 milhão de pessoas morrem em acidentes de trânsito, e que são a principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.
A principal causa de acidentes de trânsito é a condução agressiva, responsável por mais da metade de todas as mortes no trânsito. Define-se a condução agressiva como o funcionamento de um veículo motorizado de uma maneira que ponha em perigo pessoas ou propriedades, incluindo excesso de velocidade, bloqueio de outros motoristas, condução fora da estrada, gestos obscenos e xingamentos ou gritos com raiva de outros motoristas.
Se as mortes preocupam a OMS, deveria preocupar ainda mais as autoridades do Brasil, pois o trânsito foi responsável pela morte de 38 mil pessoas em 2016, ou 19 mortes por 100 mil habitantes. Muitas mortes que poderiam ser evitadas. E os políticos têm a oportunidade de fazer algo com isso.
A Faculdade de Medicina da USP, com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) fez um estudo das vítimas de mortes violenta na cidade de São Paulo e descobriu que a maioria das vítimas consumiu álcool ou drogas antes de morrer. Os testes foram feitos nos Institutos Médicos Legais da cidade de São Paulo em 2014 e 2015. As vítimas eram adultas que foram feridas fatalmente ou tiveram morte súbita, inesperada ou violenta.
A pesquisa analisou amostras de sangue de 365 vítimas, que representam estatisticamente a população adulta da capital paulista. A maior parte delas (26%) é de casos de homicídios, seguidos por acidentes de trânsito (20%) e suicídio (10%). O laboratório identificou indícios de uso de drogas ou álcool em 55% dos casos.

Mario Eugênio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano