O juiz Josemar Lopes Santos, titular da 1ª Vara Cível, desde ontem começou a analisar a Ação Civil Pública com pedido de tutela antecipada solicitando o afastamento do presidente e de toda a diretoria da Federação Maranhense de Futebol – FMF.
O pedido foi encaminhado na última sexta-feira e é fruto de uma Ação Civil Pública em função do resultado do Inquérito Civil instaurado pele Promotoria do Consumidor para investigar indícios de irregularidades e eventuais práticas lesivas aos torcedores praticadas pela direção da FMF.
Não há uma previsão sobre quando o juiz deverá se pronunciar.
A Ação Civil Pública tem 79 páginas. Já o processo com toda a investigação do Ministério Público e da Seic estão em um volume de quase mil páginas.
Segundo a promotora Lítia Cavalcanti, o fato de o presidente da FMF ter se negado a fornecer os documentos atrapalhou um pouco, mas em uma primeira análise do Núcleo da Assessoria Técnica, sobre o Balanço Financeiro de 2010, Alberto Ferreira teria que devolver R$ 80.000,00 aos cofres da entidade. Este montante é referente apenas aos valores que tiveram como origem a CBF. Além disso, o presidente da FMF teria que devolver R$ 100.000,00 que foram repassados pela AMA Clubes e Alberto Ferreira não prestou contas e muito menos aparece no Balanço Financeiro.
Para a promotora, os depoimentos de Esmeraldo Júnior, presidente da Liga Imperatrizense de Futebol, e do presidente do JV Lideral, Walter Lira, são provas testemunhais muito importantes. Durante a investigação, Esmeraldo Júnior disse ter sido chamado pelo presidente da FMF a assinar recibos para que este conseguisse comprovar as despesas apresentadas no Balanço Financeiro. Seriam 7 recibos, cada um no valor de R$ 1.500,00. Outros trinta presidentes de ligas teriam sido chamados a assinar os documentos.
O presidente do JV Lideral, Walter Lira, afirmou que a Federação Maranhense de Futebol recebeu R$ 90.000,00 da empresa de medicamentos Xantinon. Este valor seria um patrocínio para os clubes, mas nenhuma das equipes do futebol maranhense diz ter recebido qualquer ajuda da FMF. Além disso, a prestação de contas da FMF não registra o recebimento do patrocínio. Walter Lira falou, também em seu depoimento, do caso das bolas que vieram da CBF para o JV Lideral para a Copa do Brasil e que foram cobradas pela FMF e têm de ser repassadas gratuitamente. Outro ponto importante na investigação do Ministério Público foi a comprovação da não prestação de contas por parte da Federação Maranhense de Futebol de verbas públicas. Em 2007, então secretário de Esporte e Lazer, Mauro Bezerra repassou a importância de R$ 300 mil à FMF, que nunca prestou conta do valor recebido.
No dia 24 de setembro de 2007, o secretário Mauro de Araújo Bezerra encaminhou o ofício nº 434/SESP informando sobre pendências na prestação de contas da Federação Maranhense de Futebol para o convênio celebrado. No dia 31 de outubro do mesmo ano, no ofício nº 501/Sesp, o secretário solicita mais uma vez da FMF a documentação referente à Prestação de Contas do Convênio nº 04/07, sob pena de inadimplência da Federação junto à SESP.
O documento da Sedel foi encaminhado ao promotor da Probidade Administrativa, Marcos Valentim, que deverá instaurar outro Inquérito Civil Público, uma vez que a Federação recebeu dinheiro do Governo do Estado e não prestou conta. Estas são algumas das denúncias feitas pelo Ministério Público Estadual que serão analisados pelo juiz Josemar Lopes Santos, da 1ª Vara Cível da capital.
Publicado em Esporte na Edição Nº 14207
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