Com o crescente índice de violência, a grande maioria do povo brasileiro clama pelo direito de usar uma arma, achando que assim poderá evitar que seja uma vítima. Mas será que resolve tão grave problema colocando um revólver ou pistola na cintura? Aliás, mesmo havendo restrição ao porte de arma, no Brasil é alto o número de pessoas que andam armadas e, pelo contrário, a violência só tem aumentado.
As armas estão nas mãos de pessoas, em sua grande maioria, despreparadas. Recentemente, Imperatriz foi abalada pela morte de uma jovem, assassinada pelo ex-marido em meio a uma discussão. Pergunta-se: se ele não estivesse armado, teria ocorrido a tragédia? Depois do desentendimento, de cabeça “fria”, iria se armar para praticar o crime? Talvez não!
Vimos todos os dias crimes acontecerem no país por motivos banais. Crimes que poderiam ter ficado apenas numa discussão no trânsito, no bar, em casa, na praça...
Levantamento do Mapa da Violência 2015 estimou que 160.036 pessoas (sendo 70% delas jovens) tenham sido poupadas de mortes por armas de fogo no Brasil entre 2004 e 2012. Isso graças a quê? Ao Estatuto do Desarmamento. O cálculo é feito a partir de projeções de quantas mortes eram esperadas (segundo análises estatísticas) para cada ano e quantas mortes de fato ocorreram.
Do total de armas no Brasil, 6,8 milhões estão registradas e 8,5 milhões estão ilegais, com pelo menos 3,8 milhões nas mãos de criminosos.
O Brasil, mesmo com a restrição, aparece como um dos mais violentos do mundo. Nos Estados Unidos o porte de arma é liberado, mas o índice de criminalidade é infinitamente inferior. É o primeiro no mundo em termos de posse de armas, mas o 28º em relação a homicídios.
Agora imagine se no Brasil fosse liberado! Mas por que não daria certo, como nos Estados Unidos? Talvez a resposta seja o fato de não estarmos preparados para portar armas. Achamos que temos o direito de, por qualquer motivo, apertar o gatilho. Também há o fato da impunidade, que estimula o indivíduo à criminalidade.
Em 23 de outubro de 2005 houve um referendo e 59 milhões de brasileiros (63% dos eleitores) foram às urnas e rejeitaram a proibição da venda de armas de fogo e munições. Há o Estatuto do Desarmamento, rígido, contra o porte ilegal, mas apenas um meio de “inibição”, porque a circulação de armas é grande.
É um assunto polêmico, que divide os brasileiros. Uns querendo ter arma, porque os bandidos estão usando; outros temendo um resultado catastrófico com todo mundo tendo uma arma na cintura.
Pensemos não apenas em nós, mas também nos outros, que poderiam ser as vítimas, mesmo as armas estando nas mãos de pessoas de bem.
A verdade é que muitos crimes devem ter deixado de acontecer pela falta de uma arma no momento de um fato que o tempo pode resolver.
A morte só quer um motivo, mesmo que fútil. Como no caso da jovem Elizelda Vieira de Paulo.
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