A sociedade imperatrizense está perplexa diante de um dos muitos absurdos que acontecem na – e contra – cidade. É o desvio para outra região de R$ 10 milhões da compensação ambiental da Suzano Papel e Celulose, que obrigatoriamente, pelo menos dentro da lógica, deveriam ser aplicados no município de Imperatriz em busca da minimização do impacto que a instalação da empresa poderia estar causando ao meio ambiente. 

O dinheiro, que era para ficar aqui, foi para a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e lá diluído com despesas que nenhum retorno trouxe a Imperatriz. Serviu até para compra de passagens aéreas e manutenção de veículos, conforme relatório de gastos divulgado pelo promotor Jadilson Cirqueira, titular da Promotoria Especializada em Defesa do Meio Ambiente.

A cidade de Mirador, que fica a mais de 500 quilômetros de distância de Imperatriz, foi beneficiada. Um absurdo! Mas de quem foi a culpa? Por que as autoridades competentes não agiram com rigor à época em que foi denunciado esse crime contra a cidade? Houve omissão?

Agora Inês é morta, mas que sirva de lição para que os poderes públicos, nas esferas política e judiciária, fiquem mais atentos e impeçam que isso volte a acontecer.   

Devem ficar vigilantes não apenas para a questão do destino da compensação ambiental, mas também para o risco de um problema grave para os habitantes da área de abrangência da fábrica e para o rio Tocantins.     

É inegável a contribuição econômica e social que a Suzano trouxe para a cidade. Mas uma fábrica desse porte também não poderia deixar de trazer prejuízo, silencioso, aos seus habitantes, com a possível agressão ao meio ambiente.

Outro motivo de preocupação é o anúncio da implantação de uma indústria de peróxido de hidrogênio em Imperatriz, com investimentos da ordem de R$ 40 milhões. A Peróxidos do Brasil, joint venture do Grupo Solvay e PQM, já assinou acordo com a Suzano para a construção de uma unidade na fábrica de celulose. A unidade entraria em operação até o final de 2017.

O peróxido de hidrogênio é um insumo químico com larga aplicação em diversos mercados, com destaque para indústria de celulose e papel, em que é empregado na etapa de branqueamento da pasta de celulose. 

Imperatriz precisa, sim, de ser industrializada, porque o comércio e a prestação de serviços já não são mais suficientes como pilares de sua economia. Mas não podemos aceitar que prejuízos ambientais sejam proporcionados à cidade.

O desenvolvimento econômico e o meio ambiente precisam caminhar juntos. É possível. E necessário, pois com o desequilíbrio ambiental chegará ao fim a nossa qualidade de vida.

Vamos acordar enquanto há tempo!