O cidadão está, a cada dia, mais exigente. Vem acordando de um sono profundo que deixava os homens públicos à vontade, sem se preocupar em cumprir com as suas obrigações. Mais esclarecido e incomodado, agora não fica de braços cruzados diante da inércia, da omissão do poder público. Exemplo disso são as reações fortes nas ruas, cobrando seus direitos e os deveres das autoridades.

Pois bem, mas para que possamos exigir dos homens públicos, nós precisamos fazer a nossa parte, até para que sirva de exemplo aos políticos e nos dê moral para criticá-los diante das mazelas que proporcionam com atitudes indignas de um representante eleito pela sociedade.

Como o cidadão pode protestar contra um político que roubou se ele próprio fez um gato de energia em sua casa? Se fraudou um documento ou se deu um golpe em alguém?  Como podemos exigir ações corretas das autoridades se produtos são falsificados; se compramos CDs piratas; se furamos filas e recorremos ao jeitinho brasileiro de resolver as coisas por vias não legais?

É verdade que o poder público não serve de exemplo. Mas não é por isso que deveremos deixar de cumprir com a nossa parte. E o que se vê muito é exatamente a falta de compromisso com as nossas obrigações. Somos, também, “pecadores”.          

Em Imperatriz, ocupam-se ruas com barracas. Calçadas são interditadas. Praças têm os bancos quebrados. O asfalto é cortado. Esgoto é jogado na rede de água pluvial, deixando a cidade com forte mau cheiro saído das “bocas de lobo”. 

Nas escolas, carteiras e os banheiros são quebrados. As paredes pichadas. Nas feiras, a sujeira predomina. O lixo é colocado na porta de casa pela manhã, quando se sabe que a coleta só é feita à noite. 

O cidadão cobra infraestrutura em sua rua. Mas está em dia com a sua situação tributária? Protestamos contra o estado de degradação ao qual está sendo levado o Tocantins, mas nos finais de semana são jogados no rio copos descartáveis, latas de cerveja e garrafas peti, sem falar no que acontece às suas margens, com a destruição da mata ciliar.

Somos, também, descumpridores da lei. Consome-se álcool e dirige-se.  Avança-se o sinal e o acidente acontece. Estaciona-se na rampa para deficiente.  A calçada serve de estacionamento. 

Enfim, primeiro precisamos ser exemplo para que possamos fazer as necessárias e justas cobranças aos gestores públicos, que há muito vêm precisando de arrocho para que cumpram com as suas obrigações assumidas quando colocaram seus nomes ao julgamento das urnas.