"Em verdade, nos arrasta o desejo oriundo da imaginação, de que a realidade fosse outra. E é".
O que habilita um homem? Entender o mundo parece a resposta mais certa. Neste caso, ela atende pelo nome de Adalberto Franklin, que nos deixa aos 54 anos, a quem admiramos sempre, da simplicidade que norteou seus aspectos, ao pensamento e à obra que construiu em vida.
Nós, de O PROGRESSO, o recebemos em 1986. E como nos orgulhamos da convivência! Sua 'pena', absorvente, sempre crítica, entre a ironia e a mordacidade, avançava carregando consigo um enquadramento de uma visão de mundo, global, que só os bons escribas, os inatos, conseguem. Assim, o nosso dia a dia, a cada manhã, se fez mais rico, proporcionando a Imperatriz um contexto jornalístico onde direitos difusos fluíam das páginas em preto e branco.
De sua participação, com a visão crítica onde o jornalista e editor muito bem conhecia sua comunidade, sua problemática e seus personagens, vivemos a ampliação e sentimos a relevância, onde poetas, contistas, cronistas e outros receberam o estímulo e semanalmente passaram a divulgar seus escritos. Ampliar universos é parte do crescimento humano e Adalberto nos deu, também, sua contribuição em O PROGRESSO de Araguaína. Nunca nos deixou, sempre esteve presente.
Letras se constroem de A a Z e texto nas suas entrelinhas. Assim, nosso personagem, ele próprio um escritor, fundou a Ética Editora, inicialmente instalada na Dorgival Pinheiro de Souza, com o passar do tempo, vimos que ela funcionaria mesmo, nas mãos e mentes ávidas por leitura, na satisfação dos escritores, na interação das feiras de livro, a exemplo do SALIMP (Salão do Livro de Imperatriz), uma de suas contribuições. Livre escrever. Livre pensar é transportar o tempo e sua história, com a liberdade que a interpretação conduz e a imaginação liberta.
Dessa maneira, Imperatriz tornou-se, por um desses rótulos que Adalberto Franklin nunca buscou, a Capital do Livro, tamanha a produção literária sob sua responsabilidade. Além de História, Metodologia, Religião e Economia, outros temas compuseram o que se acredita, aproxima-se de mil o número das publicações efetuadas. É devido ao reconhecimento, recebido ainda em vida, que Imperatriz, no quesito divulgação literária, antes da Ética Editora era uma cidade, depois dela, outra.
A vida e morte é ponto de partida e chegada para a materialidade do ser, assim como a existência é que constrói sua história. Católico, Adalberto bem poderia ser um "João Batista que pregava no deserto". Não só pregava. Morava. Homem de uma abnegação financeira impressionante, no deserto onde "ser rico é ter menos necessidade", Franklin nasceu vitorioso, como nascem os escolhidos, os abençoados. Isso explica sua múltipla forma pessoal, de gráfico quando criança, aos avanços conquistados; jornalista, editor, historiador, membro fundador da Academia Imperatrizense de Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, "Publisher" e, sobretudo, humano. Não poderia ser diferente.
De Adalberto Franklin, nascido em 28 de abril de 1962, no povoado Santo Antonio, município de Uruçuí (PI), e falecido em 02 de março de 2017, nessa terra de Frei Manoel Procópio, a Imperatriz tantas vezes clamada em prosa e verso, terra de imperatrizenses de muitos Brasis, o registro que fica é que viver vale a pena. É uma questão de escolha e ele soube. Resultou na imortalidade onde o registro de sua obra servirá a muitas gerações.
Por fim, resta-nos reconhecer seu acervo a transportar céus adentro e a honra de muito ter contribuído para a cultura e a conservação dos valores da história de Imperatriz e alhures. Que Deus o tenha e o guarde, nesse chamado, ao qual muito justamente se juntará a outros valores que o Senhor busca para habitar e dignificar sua morada.
... Eternamente!
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