Estamos vivendo em um mundo onde as pessoas estão sobrecarregadas com o trabalho, o trânsito, as contas pra pagar. Estamos cercados de pessoas estressadas, desmotivadas, e isso não é à toa. De acordo com a OMS, nosso século tem como desafio do século vencer uma doença silenciosa e de difícil diagnóstico chamada depressão, que só nos últimos 10 anos, tem atingido 5% da população mundial, ou seja, 350 milhões de pessoas. Existem, no entanto, armas conhecidas para combater essa questão, que são uma alternativa a psicotrópicos, antidepressivos e dezenas de compostos manipulados em laboratório: o exercício físico.
Não é novidade que a atividade física promove em nós a sensação de bem-estar e um aumento da autoestima, por estimular a produção da serotonina no nosso sistema, que é um neurotransmissor responsável pelo bom humor. O que estudos recentes apontam é que movimentar o corpo também pode ajudar a curar distúrbios psicológicos, tais como ansiedade e depressão. Uma vez executado, o exercício mobiliza mais ácido graxo no organismo e o usa como fonte de energia. Esse processo facilita a entrada do aminoácido triptofano, matéria-prima da serotonina, do sangue para o cérebro, assim trazendo sensação plena de bem estar.
Estudos realizados ao longo da última década em universidades americanas afirmam que a prática sistemática, constante, do exercício físico está associada à ausência ou diminuição dos sintomas depressivos ou de ansiedade. Mesmo em indivíduos diagnosticados clinicamente com a depressão, o exercício físico tem se mostrado eficaz neste aspecto.
A eficácia do exercício físico associado a sintomas depressivos também tem sido relatada em relação a estados depressivos causados por outras doenças. Os cientistas realizaram um estudo em que o principal objetivo era o de avaliar o efeito do exercício na aptidão e na saúde psicológica de indivíduos deficientes. Os voluntários foram submetidos a exercício aeróbio por 12 semanas. Os resultados demonstraram que o exercício aeróbio melhora a aptidão e diminui os sintomas depressivos nesta amostra. Esta redução pode ser o resultado de mecanismos fisiológicos e/ou comportamentais associados com exercício aeróbio.
Outro estudo observou os efeitos de oito semanas de exercício físico aeróbio nos níveis de serotonina e depressão em mulheres entre 50 e 72 anos. Foi aplicado neste estudo o Inventário Beck de depressão e foram realizadas análises laboratoriais para as dosagens dos níveis de serotonina. Os resultados indicaram que houve redução do percentual de gordura e dos níveis plasmáticos de serotonina, sugerindo que esta relação entre exercício físico e a mobilização de gordura proporciona às participantes uma melhora nos estados de humor.
Além dos estudos divulgados recentemente para a comunidade científica e desportiva, os resultados práticos da regularidade na prática desportiva são perceptíveis no humor, bem além da questão estética e de composição corporal. Segundo o personal trainer Marcelo Santana, sua experiência profissional ao longo dos anos mostra claramente os benefícios da prática do exercício físico em seus clientes através da observação e dos relatos de seus clientes. De acordo com ele, uma rotina saudável de exercícios reflete no aumento da qualidade de vida das pessoas que sofrem dos transtornos do humor. No entanto, tanto o exercício aeróbio como o anaeróbio devem privilegiar a relação no aumento temporal da execução do exercício físico e não no aumento da carga de trabalho (relação volume x intensidade). Se rir é o melhor remédio, então a prática esportiva pode ser um bom motivo para sorrir.