Washington Brasil valoriza expressões regionais

Raimundo Primeiro

O cantor e compositor Washington Brasil está divulgando show que fará em Imperatriz em homenagem ao produtor cultural Luís Brasília.
Washington diz ter sido Brasília um profissional que não mediu esforços para apoiar a arte regional, sendo um intransigente defensor e, principalmente, difusor da cultura tocantina, com ênfase, obviamente, para Imperatriz e municípios circunvizinhos. “Foi um batalhador, sempre dando força para as manifestações mais puras, artisticamente falando, que tínhamos em nossa região”, lembra.
Paralelamente, o compositor trabalha na preparação de um show coletivo com cantores e compositores locais e de outras regiões, caso de Gegê Gonzaga e Raimundo Valença.
Nascido em Imperatriz, mas tendo passado a infância em Cidelândia, Washington esteve ausente da cidade durante 12 anos, residindo em Campinas (SP), mostrando trabalhos seus e buscando fortalecer o talento regional em outras plagas. E conseguiu, participando de festivais e shows que foram sucesso de público e crítica. Na cidade paulista, cantou em bares e boates, interpretando canções de renomados artistas nordestinos, entre eles Geraldo Azevedo, Fagner, Zé Geraldo, Belchior, Ednardo e Elomar, entre outros.
Profissionalmente, o cantor surgiu após participar do 12º Festival Aberto Bico do Papagaio (Fabip), no Norte do Tocantins, ganhando projeção com a música “Das dores do coração”, captando o que nele flui de brejeiro, místico e, sobretudo, humano, por meio da vivência sertaneja do tempo em que residiu no interior, sempre com “sonhos urbanos”. Também venceu importantes festivais das regiões Sul e Sudoeste, com a música “Simbora”, consolidando ainda mais seu nome no cenário artístico nacional.
Durante o tempo que morou em Campinas, conseguiu produzir três discos independentes, com músicas autorais. À reportagem, Washington contou ter aproveitado o período para promover a divulgação “das nossas coisas, dos nossos artistas, da nossa música”.
É indefectível que a música de Washington Brasil tem se caracterizado, desde o momento que ele surgiu no cenário artístico, com forte apelo para os ritmos e temas regionais, seguindo um curso natural, firmando-se como um dos mais autênticos representantes e defensores do cancioneiro regional, fazendo enaltecer a Música Regional Maranhense (MRM), sem jamais esquecer de suas raízes, “minhas origens, minha identidade”, conforme pondera. Tem ligação forte com a MPB (Música Popular Brasileira).
Não tem se esquivado – ou como ele mesmo ressalta, sempre que é interrogado – “mantenho-me como um mourão firme, uma ponte na fronteira tênue entre a cidade e o campo”, enfatizando, a propósito, sua fala rítmica de acentuada pronúncia brasileira, com a simplicidade que lhe é peculiar.
Versátil, atuando camaleonicamente, Washington produziu o segundo cd sob o título “Filhos do Tempo”, abordando apropriadamente temas relacionados a política, assuntos sociais e ambientais, com a natureza em predominância. “Ritmos que influenciaram minha carreira, caso das cantorias, estilos do Nordeste, que vão do forró pé de serra, passando pelo xote, xaxado e indo até ao baião, perpassando por sons maranhenses, inclusive o reggae”, conta.
No show que fará no Teatro Ferreira Gullar (rua Simplício Moreira, Centro), com data e horário ainda indefinidos, Washington será bem intimista, levando para o palco violão, sanfona e percussão, além da voz, ouvida e aplaudida em várias regiões brasileiras. “Minhas tradições e estórias do nosso povo, da cultura brasileira, constam do repertório”, conclui.

Quem foi Luís Brasília
O produtor cultural Luís Brasília, em Imperatriz, na TV Mirante, afiliada da Rede Globo (Canal 10), foi primeiro repórter. Demorou pouco para identificar-se com os movimentos culturais locais. E, também, não muito tempo depois, idealizou e passou a produzir e apresentar o “Arte Nativa”, programa veiculado durante as manhãs de domingos, mostrando artistas e valorizando efetivamente a arte imperatrizense, tendo chegado na cidade em 1980.
Na Rádio Mirante FM, Luís Brasília foi coordenador artístico, a convite do empresário Fernando Sarney. Outro projeto de sucesso de Brasília na tela da Mirante foi o “Quinta Raízes”.