Nos relacionamentos podemos nos deparar com pessoas que se acham sabedoras de tudo, fazem tudo, conhecem as pessoas mais importantes do círculo social, suas necessidades são as mais importantes, as regras não se aplicam a ela, a culpa dos problemas é sempre dos outros ou que, quando contrariadas, tem um acesso de birra ou fúria intensa.

Seus problemas de adaptação começam cedo e costumam ser confundidos com problemas normais de criança ou crise de adolescência. Quando os confrontos da vida adulta se tornam mais complexos, o bloqueio se torna mais visível.
A cada dia que passa mais crianças deixam a inocência da infância de lado para dar lugar ao universo sombrio do crime. Ao invés de carrinhos, bolas e bonecas e brincadeiras no quintal de casa, meninos e meninas com 11, 12 e 13 anos de idade brincam com armas como canivetes, facas e até armas de fogo. A droga ganhou espaço no meio familiar que, cada vez mais desestruturado, não sabe impor limites, ensinar valores e educar para a vida.
Dados levantados pelo Sistema Nacional de Atendimento Sócio Educativo, Sinase, revelam que o perfil do adolescente em conflito com a lei é o seguinte: 90% são homens; 76% têm entre 16 e 18 anos; 51% não frequentam a escola; 81% viviam com a família na época da internação; 12,7% vêm de família que não possui renda; 66% destes, a família possui renda inferior à dois salários mínimos e 85,6% são usuários de drogas.
Existe todo um contexto que explica as diversas possibilidades para termos estes adolescentes infringindo as leis. A falta de limites no âmbito doméstico, a educação pouco adequada para o respeito a vida e aos valores sociais; pais despreparados para educar seus filhos, pois também são desorganizados; uma mídia que foca exageradamente na delinquência, no crime, e coloca em evidência artistas, atletas ou outros grandes expoentes nacionais ou internacionais, que servem como modelos errados, em vez de focar os bons homens e mulheres, as boas ações e condutas; pressão do sistema, que passa pela mídia a serviço deste sistema, para fomentar um padrão consumista, induzindo aos modismos, à satisfação dos sentidos, a uma felicidade no TER e não no SER. Falta o engajamento de toda a sociedade para criar-se um ambiente propicio à vida saudável, organizada, comprometida com todas as gerações e na busca de alternativas que possam melhorar as condições da sociedade em que vivem, entre outros fatores. 
A prevenção e detecção de delitos praticados por adolescentes, assim como a recuperação de menores infratores envolve ações diversas, focadas na resolução dos problemas como dificuldades de aprendizagens, transtornos de conduta, orientação à família, professores, profissionais da saúde, etc. 
Quando as crianças e adolescente não recebem a formação necessária, se tornam adultos sem respeito para com o próximo, acreditando ser donos da verdade, passando a ser responsável por infindáveis violências do cotidiano, às vezes impondo sua violência silenciosamente, outras agredindo aqueles que deveriam ajudar e empoderar, deixando de perceber a influência asfixiadora exercida sobre os outros.
O idealismo se torna escudo e arma, ao mesmo tempo coloca todos aqueles que não se alinhem com sua visão como oponentes a serem convertidos ou exterminados. A conversão pode se operar por meio de argumentos puramente racionais, ameaças ou agressões.
Esse tipo de comportamento pode ser observado em relações entre homens e mulheres ao verificar que no Brasil a taxa de feminicídios é de 4,8 para 100 mil mulheres - a quinta maior no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). 
A violência contra a mulher está aumentando significativamente em nosso País. A ideia de que a mulher deve se sujeitar aos deleites do sexo masculino foi impregnada de tal forma que alguns homens têm isso como regra de vida social, de maneira a pensar que o simples fato de serem contrariados pela namorada, esposa ou companheira lhe daria o direito de agredi-las. Não é difícil, até hoje, o absurdo pensamento, de que entre os homens é natural a ideia de possuir mais de uma mulher. Então, se indaga: Estariam esses homens assustados por estar perdendo espaço e poder? A explicação para isso é que esses indivíduos do sexo masculino não sabem lidar com o "NÃO", com a rejeição e a contrariedade de suas vontades e desejos.
As mulheres têm níveis de escolaridade mais altos, fazem mais tarefas domésticas desde pequenas e, estão chefiando, cada vez mais, famílias no Brasil (Censo/IBGE). 
O número de lares brasileiros chefiados por mulheres saltou de 23% para 40% entre 1995 e 2015 dados obtidos pela Pnad - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.
Mesmo assim, além de serem vítimas da violência, elas continuam sendo desvalorizadas no ambiente de trabalho e ganhando, em média, menos que os homens, segundo dados do IBGE. Quanto mais altos os níveis de escolaridade dos trabalhadores, maior é a desigualdade entre os sexos. Independentemente do tempo de estudo, os homens sempre ganham mais, mas essa diferença começa pequena, de menos de R$ 1,00 por hora, para trabalhadores com até 4 anos de estudo, e cresce até atingir mais de R$ 13,00 por hora para pessoas com mais de 12 anos de estudo. Nos cargos de gerência, por exemplo, os homens ganham, em média, R$ 5.222,00, enquanto que as mulheres recebem R$ 3.575,00. O que justifica tal situação? 
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral, quase 53% do eleitorado brasileiro é composto por mulheres. Entretanto, a média de ocupação feminina dos cargos eletivos no Brasil é hoje de 14%, uma das mais baixas taxas do planeta, tendo cota de 30% para as mulheres quando do registro da legenda partidária. Essa cota prevista na legislação eleitoral é um contra-senso! Se há a obrigação do voto para o gênero masculino e feminino, esta participação deve ser igualitária, ou seja, 50% para as mulheres e 50% para os homens. Em um ranking divulgado pela União Interparlamentar, o Brasil está na 154ª posição entre 193 países com relação à ocupação de mulheres nos parlamentos. No continente latino americano é o 3º pior colocado, atrás somente de Belize (183º) e Haiti (187º). Na América do Sul, é o país com menor representação parlamentar feminina, ou seja, há urgência na ampliação da participação da mulher na política nacional.
Demonstra-se, assim, a dificuldade do ser humano em ouvir não, em lidar com as divergências de opinião, com a descentralização do poder, em assumir e reconhecer seus erros, a não terceirizar a culpa e a arcar com as consequências de seus erros.
Desta forma, tem-se ainda a dificuldade de o ser social conviver com os impressionantes 118.755.760 (cento e dezoito milhões, setecentos e cinquenta e cinco mil e setecentos e sessenta) processos judiciais em tramitação somente no Poder Judiciário Estadual brasileiro, sendo que 47.502.310 processos poderiam ser resolvidos com o bom senso entre as partes envolvidas.

Mirella Alves de Souza