Geovana Carvalho
Aos 23 anos, Diego Carlos de Sousa é exemplo de cidadania. Há cerca de dois meses viu na tv uma campanha desenvolvida por outro jovem, o paulistano Rafael Baltresca, que teve a mãe e a irmã mortas em atropelamento quando saíam de um shopping, na capital paulista. O motorista foi preso em flagrante por homicídio doloso, ou seja, com intenção de matar.
Comovido com o drama vivido por Rafael, o imperatrizense de imediato acessou o site do movimento e assinou virtualmente o abaixo-assinado criado para cobrar alterações no Código de Trânsito Brasileiro. “Depois que assinei, pensei que poderia fazer mais. Resolvi, então, fazer cópias e sair pelas escolas e igrejas recolhendo assinaturas”, diz Diego Carlos.
Diego providenciou camisetas e xerox e distribuiu por diversas partes da cidade. Conta ele que um dia, sentado vendo tv, pensou que não poderia arcar com os custos da campanha. Numa das visitas realizadas nas escolas, um professor decidiu ajudar Diego contribuindo com as impressões.
Autônomo, casado, pai de um menino de dois anos e morador do bairro Buriti, Diego Carlos revela ter vivenciado muitas dificuldades. Desde a infância trabalhou duro. Não conheceu o pai - que o visitou na maternidade, porém nunca mais o procurou - e a mãe viajava muito durante a infância de Diego. Segundo ele, nem por isso foi ausente. “Morava na casa de meus avós com mais doze pessoas. A minha mãe trabalhava viajando e sustentava todo mundo. A casa era pequena, tinha dois quartos, uma sala e uma cozinha, não tinha banheiro”. Apesar das privações, Diego afirma que a marca principal de sua infância foi a educação dada pela mãe: “Tudo que ela me ensinou passo pro meu filho”.
Participante de um grupo católico – Legião de Maria, Diego comenta que há nove anos realiza trabalhos sociais: “Nosso trabalho é auxiliar as famílias e as pessoas que moram nas ruas. Desenvolvemos trabalhos de cunho religioso e também social. Nos encontros vemos a necessidade das pessoas e fazemos campanhas pra arrecadar alimentos”.
Quando acessou o abaixo-assinado pela primeira vez, o documento já contava com 85 mil assinaturas. A quantidade de assinaturas colhidas em Imperatriz, Diego não sabe precisar, mas garante que já tem algumas centenas.
Há alguns meses, trabalhando como entregador de pizzas, Diego sofreu um acidente de trânsito. A moto que conduzia foi atingida por um veículo também em alta velocidade. Os prejuízos foram materiais, no entanto a motocicleta ficou bastante danificada. Diego Carlos diz que passou cinco meses sem trabalhar. E as dificuldades apertaram. “Fiquei sem a moto pra trabalhar, mas o motorista que me atropelou, depois de algum tempo, resolveu arcar com os prejuízos. Então voltei a entregar pizzas”, relata.
Diego Carlos diz não conhecer Rafael Baltresca, mas os dois têm em comum o fato de terem sentido na pele a violência do trânsito brasileiro.
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