Meirilene Queiroz de Almeida Canjão
O índice da evasão escolar está relacionado diretamente ao medo e receio das crianças e adolescentes em relação a violência dentro e fora da escola, ocorrendo um aumento substancial de abandono das salas de aula. Informação obtida através da realização da análise minuciosa dos dados coletados, observando também, se alguns alunos têm realmente dificuldade de permanecer em sala de aula e se a violência é o agravante.
É sabido que, o meio em que o aluno vive, cresce e desenvolve é o familiar, a proteção dele provavelmente aportará benefícios à questão educacional. Vale ressaltar que a docência capacitada, comprometida e valorada será sempre um dos construtores importantes do conhecimento.
Os resultados apontados pela direção, docentes e discentes das escolas como causas para a evasão escolar foram: falta de incentivo da família e da Escola, violência na família, agressividade na escola por parte dos discentes, necessidade de trabalhar por conta das dificuldades familiares, pouca utilização de tecnologias educacionais que motivem os alunos e contribuam nos processos de ensino-aprendizagem, precariedade na estrutura escolar, pouca capacitação dos professores em relação a possíveis agressividades, falta de segurança pública, uso de entorpecentes e gravidez precoce.
Percebe-se que o número de crianças e adolescentes fora da sala de aula é cada vez maior, surgindo a necessidade de intervenção para conhecer esse problema mais profundamente. Um dos maiores desafios do nosso país é a violência na escola e fora dela, irrompendo, alterando e modificando o cotidiano da sociedade. A questão da violência e da segurança é fonte de preocupação não apenas no Brasil, mas, também em outros países, aumentando a preocupação ao verificar por meio de pesquisas que tal violência continua a ter nossas crianças e jovens como principais autores e vítimas.
Visto que, é nessa categoria social a maior incidência de violência como suicídio, homicídio ou acidente de trânsito. De acordo com a Organização Panamericana de Saúde (1985) a juventude e a adolescência - se diferem em suas especificidades fisiológicas, psicológicas e sociológicas. Sendo que, no processo biológicos se processa o desenvolvimento cognitivo e a estruturação da personalidade.
Conforme afirma Souza (2011, p. 26), a evasão escolar no Brasil é um problema antigo, que perdura até hoje. Apesar dessa situação ainda existir no Ensino Fundamental, atualmente, o que chama atenção é o número de alunos que abandonam também o Ensino Médio.
Segundo Waiselfisz (2011, p.6) “[...] conhecer ou reconhecer os problemas e sua magnitude é um passo imprescindível para agir no sentido de equacioná-lo”. Ainda segundo o autor, estamos falando de um dos direitos humanos fundamentais; “[...] o direito à vida, sem o qual, nenhum dos direitos tem o mínimo sentido ou significação”.
Torres (2010) afirma que o direito à educação é um direito social, inserido dentre os direitos fundamentais do homem em nossa Constituição Federal de 1988, arraigado como meio certo para a conquista de uma efetiva igualdade e liberdade dos cidadãos.
Nesse interim, é dever do Estado, da sociedade e da família, assegurar tal direito já garantidos legalmente a todas as crianças e adolescentes, dando-lhes condições humanas, estruturais e pedagógicas para que possam adentrar e permanecer na escola concluindo o ciclo de aprendizagem básica, fundamental e média.
Com isso, o assunto violência e evasão escolar não é alheio a sociedade. Trata-se de um problema que chama a atenção de todos, mesmo que uma grande parte desta sociedade seja de pessoas de baixa escolaridade e sem instrução formal, encontrando-se à margem da chamada sociedade organizada e civilizada e encaram esse fato como sendo normal.
Nesse contexto, verificamos se a violência influencia no agravamento do fenômeno da evasão escolar, seguindo duas diferentes abordagens que se destacam: a primeira está ligada a fatores externos à escola – se a violência vem de fora para dentro da instituição, norteada pela relação familiar, enquanto a outra trata dos fatores internos da instituição – ligados à própria escola, ao professor, a interação social, a metodologia e a didática.
A despeito disto, observamos que, a educação não tem sido plena ao alcance de todos os cidadãos, assim como no que se refere à conclusão de todos os níveis de escolaridade, direito já garantido em lei.
Segundo Freire (1969): “[...] o homem é da integração. A sua grande luta vem sendo através dos tempos, a de superar os fatores que o fazem acomodado ou ajustado. É a luta por sua humanização ameaçada constantemente pela opressão que o esmaga [...]”. Entendendo o que Paulo Freire nos diz, é que, a classe dominante impõe o que deve ou não ser compreendido, aprendido e apreendido pelo povo. Tudo deve estar conforme a vontade dos dominantes. A massa deve sempre permanecer obediente, seja por falta de conhecimento, seja por medo ou imposição.
No que tange à violência NA ESCOLA, esta se caracteriza por diversas manifestações que acontecem no cotidiano escolar, praticadas por estranhos, por pessoas da comunidade, por professores, alunos, diretores, funcionários, familiares, ex-alunos. Caracterizando-se como atos ou ações de violência: física ou verbal contra pessoas ou contra grupos, ou mesmo, contra si próprio (suicídios, homicídios, espancamentos, roubos, assaltos, ferimentos, golpes, estupro, agressões sexuais, porte de armas, drogas [uso, oferta, venda, distribuição de Álcool, Tabaco, Maconha, Cocaína, Crack e outros]). Incivilidades, desacato, palavras grosseiras, intimidação, indelicadeza, humilhações, falta de respeito ou bullying.
No entendimento de Fukui (1991), essas ações costumam ocorrer dentro da escola (pátio, quadra, salas de aula); portão de entrada da escola e na via pública em frente à escola. Com efeito, esses atos de violência sempre envolvem indivíduos pertencentes à escola, como vítimas ou como agressores.
No que se refere a violência CONTRA A ESCOLA, essa é representada como atos de vandalismo, incêndios e destruição, furtos ou roubo do patrimônio público ou privado, como: paredes, portas, carteiras, cadeiras, cabos de fiação, cabos de telefone, equipamentos ou materiais das instituições escolares.
Esses atos de violência implicam tanto aos membros da comunidade, da escola ou de estranhos à escola, concebendo como violência todo tipo de prática utilizada e que possa prejudicar seus membros, qualquer um destes, como: os fracassos escolares, desmotivação, izolamento e falta de interesse em permanecer na escola. Portanto, é responsabilidade e dever de todos os cidadãos participarem de forma ativa no que se refere a Educação, refletir sobre o que se pode fazer para minimizar a evasão de nossas crianças e adolescentes das escolas, evasão que prejudica o futuro de toda sociedade humana que preza pela ética e a moral embasadas na formação familiar e educacional.
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