Renato Cortez Moreira

Hemerson Pinto

O Mercado Bom Jesus continua funcionando. Uma placa lembra a data, hora e local onde o ex-prefeito de Imperatriz tombou, e um caso discutido na Câmara de Vereadores, recentemente, dividiu  opiniões nas ruas de Imperatriz.
“Penso que os vereadores precisam prestar mais atenção na hora de suas aprovações. Ver o que realmente é importante ser apresentado na Câmara, discutido e aprovado. Concordo com os títulos de Cidadão Imperatrizense. Agora, temos que ver o que determina quem merece e quem não merece receber um”, diz o feirante Francisco das Chagas.
Para a dona de casa Maria Eliete, “acredito que os vereadores oferecem o título para quem realmente é merecedor. Eles sabem o que estão fazendo. Quem está na lista para receber, algo fez para merecer isso”, comenta.
As declarações estão relacionadas à decisão da Câmara de Vereadores em conceder o Título de Cidadão Imperatrizense ao empresário Damião Benício dos Santos, ex-secretário municipal de Imperatriz e um dos acusados de envolvimento na morte do ex-prefeito Renato Cortez Moreira, como consta no processo de investigações sobre o caso. O crime aconteceu no dia 06 de outubro de 1993.
Os vereadores aprovaram a proposta com 8 votos a favor e 6 contra. O autor do projeto de decreto legislativo sobre a concessão da honraria defendeu a homenagem. “Todas as pessoas que prestam bons serviços à comunidade merecem essa honraria quando a Câmara reconhece. É uma pessoa de nossa comunidade, que sempre trabalhou, lutou. É um pioneiro. […] Um pai de família íntegro. Constrói, hoje, muitas casas e vende, negocia. A meu ver, ele foi merecedor como qualquer cidadão que queira se destacar”, disse o vereador João Silva.
Um dos votos contrários partiu do vereador petista Aurélio Gomes. “O título é para quem prestou ou presta serviços relevantes para Imperatriz, e essa pessoa não presta e nunca prestou serviços relevantes na cidade. Então, por isso, votei contra”, explica o vereador Aurélio.
Deixando as discussões na ‘Casa de Leis’, voltamos às ruas com lembranças do dia do crime. “Eu estava passando o café em casa. Meu marido assistindo televisão. O rádio estava ligado na cozinha. Era um pouquinho depois de seis e meia. Meu vizinho bateu na porta de casa gritando o meu marido, dizendo que vinha da beira do rio e viu muita gente no ‘mercado velho’, e o que o povo dizia era que o Renato tinha morrido. Meu marido acreditou, eu não. Depois, ouvi no rádio. Era verdade”, disse a aposentada Maria Francisca.
No Mercado Bom Jesus, um comerciante, que até hoje não gosta de comentar o assunto, falou com O PROGRESSO, mas pediu para não ter o nome revelado. “Na verdade, eu cheguei aqui e tinha acontecido havia pouquinho tempo mesmo. Ainda tinha pouca gente. Olhei e vi seu Renato no chão. Morreu ali, rodeado de feirantes. Ele era simples. Logou encheu de gente, e mais gente; saí de perto e até hoje nunca quis saber como aconteceu de verdade. Abalou todo mundo. Seu Renato era o prefeito e todo dia cedinho saía da casa dele, aqui do lado, e vinha sozinho comprar frutas”, lembou.
Noticiários da época afirmaram que dois disparos efetuados por um pistoleiro acertaram o então prefeito, enquanto o mesmo estava de costas para o atirador, em uma banca de frutas. O homem teria corrido em direção à Praça da Cultura, e assim conseguiu fugir. Renato Moreira, aos 59 anos, era prefeito pelo segundo mandato. O crime chocou a cidade naquele dia 06 de outubro.
No local onde o ex-prefeito caiu, uma placa registra o horário do assassinato, às 6h30. Uma frase em destaque: ‘Vítima da violência do crime organizado, vil e covarde’. Sobre a placa, um quadro com a foto do ex-prefeito. As lembranças do que aconteceu naquele local não saem da mente de quem viu, e não saem daquele cenário.