O vereador professor Adonilson (PCdoB) solicitou ao prefeito Sebastião Madeira a doação de um terreno, medindo no mínimo 300 m², ao Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB). A Indicação foi aprovada e subscrita por boa parte dos vereadores que se sensibilizaram com a luta das mulheres quebradeiras de coco na região. Ao fazer a menção de apoio, muitos vereadores, inclusive o autor da indicação, fizeram uma espécie de desabafo ao relatar as origens humildes, o trabalho no campo e a relação das famílias com a extração do babaçu. “Os discursos e relatos nesta casa reforçam a necessidade de apoiarmos o movimento das quebradeiras de coco como patrimônio cultural de um povo e atividade econômica que possui profunda harmonia com o meio ambiente”, explicou Adonilson, acrescentando ser neto de quebradeira de coco e possuir muita admiração pelo trabalho da entidade.
O vereador adiantou que conversou com o prefeito Sebastião Madeira sobre a doação do terreno para o MIQCB. “O prefeito se mostrou favorável à demanda do movimento e as negociações estão avançadas para a cessão do terreno ao movimento”, disse o professor Adonilson.
Uma das bandeiras do Movimento é a efetivação da Lei do Babaçu Livre, que embora aprovada não chega a vigorar na maioria dos municípios de atuação das quebradeiras de coco.
A Lei tem como objetivo garantir o livre acesso e o uso comum das palmeiras de coco babaçu às quebradeiras e suas famílias mesmo em áreas de fazendas. O descumprimento estabelece multas e punições para quem derrubar, cortar ou envenenar os babaçuais e determina que a fiscalização também pode ser feita por entidades representativas da classe dos trabalhadores e trabalhadoras rurais e das quebradeiras de coco.
Recentemente, ao receber no gabinete a visita das lideranças do Movimento Interestadual de Mulheres Quebradeiras de Coco (MIQCB), Eunice da Conceição Costa, representante da Regional de Imperatriz, e Rosalva Silva Gomes, assessora técnica do movimento, o vereador Adonilson se prontificou a apoiar a luta pela garantia dos direitos conquistados na aprovação da Lei do Babaçu Livre e nas articulações para a Marcha das Margaridas, que será realizada no mês de agosto, em Brasília-DF.
“É isso que um mandato tem que fazer, apoiar as discussões que contribuam para a melhor qualidade de vida das pessoas, e nada mais justo que reconhecer a legítima luta das mulheres guerreiras, lutadoras no campo”, defendeu o vereador.
Para Eunice Conceição Costa, um dos grandes problemas que ainda vivem as mulheres que trabalham na exploração do coco babaçu é a questão das grandes faixas de terra que estão sendo vendidas com seus donos derrubando as palmeiras a fim de investir em monocultura. “A situação compromete a sobrevivência de muitas famílias que dependem da exploração do babaçu como atividade econômica”.
O Movimento Interestadual de Mulheres Quebradeiras de Coco (MIQCB) atua em quatro estados: Maranhão, Pará, Tocantins e Piauí. Divididas em regionais, as mulheres tentam a expansão suficiente para dar vez e voz às demandas de fundamental interesse para a sobrevivência no campo.
Entre as situações que dificultam o trabalho das quebradeiras de coco estão a interdição do acesso aos babaçuais, a cobrança por metade dos cocos coletados e a compra das amêndoas por atravessadores que revendem para as indústrias de sabão e óleo, além de ameaças de morte e castigos físicos. (Mozart Magalhães / Gabinete)
Publicado em Cidade na Edição Nº 15267
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