Roberto Rocha, senador da República

Há poucas décadas Petrolina, em Pernambuco, era uma cidade perdida no calor árido do sertão, conhecida apenas por ser uma passagem para Juazeiro, a sua próspera vizinha, na Bahia. Esse cenário desolador foi cantado em versos de Caetano Veloso para quem, no calor do meio dia "tudo esbarra embriagado de seu lume".
Quem chegar hoje a Petrolina verá outro cenário. O verde tomou conta da plantação, em milhares de hectares, por obra e graça da tecnologia de agricultura irrigada. A cidade hoje é um centro universitário, com quatro faculdades, duas universidades federais e orgulha-se de ser o sexto maior PIB de Pernambuco, atraindo investimentos de milhões de reais e gerando empregos e renda.
Parece milagre, mas o santo, ou melhor, os santos tem nome e chamam-se Embrapa e Codevasf. Foi a união dessas duas grandes empresas públicas e a vontade política da cidade que transformou Petrolina em um dos grandes centros exportadores de frutas do país.
É justamente essa visão generosa e ousada que precisamos ter em Imperatriz, aproveitando a chegada da Codevasf, que agora, graças a lei de minha autoria, também pode atuar na bacia do rio Tocantins. As condições estão dadas.
Imperatriz, diferentemente do que era Petrolina, reúne qualidades e vantagens estratégicas excepcionais. A cidade já é um polo de cultura empreendedora e abriga universidades. Ela está localizada em um entroncamento comercial excepcional, no coração da área de maior expansão agrícola do país. Além disso possui saída direta, rodoviária e ferroviária para o porto do Itaqui.
Dentro dessa lógica articulam-se os projetos que já estou desenvolvendo na cidade. Dentre eles, cabe destacar a criação da Ceasa, que mais que um entreposto de comércio será também um ponto de fomento da produção de frutas. Ao lado da Ceasa deverá funcionar o chamado Porto Seco de Imperatriz, por meio do qual a cidade terá vantagens aduaneiras para toda a carga que escoa em direção ao complexo do Itaqui, que com a criação da ZEMA, Zona de Exportação do Maranhão, elevará exponencialmente sua capacidade operativa.
Vale destacar ainda os estudos já avançados para a construção de um aeroporto de carga, que unirá as demandas de Imperatriz e Açailândia. Ele é essencial para o transporte rápido e eficaz de produtos perecíveis, como as frutas que serão produzidas, tal qual acontece em Petrolina.
A contribuição da Embrapa e da Codevasf, seja no projeto de irrigação, seja no manejo das culturas adaptadas à região, será um diferencial para fazer de Imperatriz uma região importante de produção de frutas e hortaliças. A fruticultura irrigada, aproveitando o potencial do rio Tocantins, tem a capacidade de criar sistemas produtivos perenes, que graças ao clima podem dar frutos o ano todo.
Para dar uma ideia do potencial, em Petrolina e Juazeiro, combinados, o faturamento anual ultrapassa R$ 2 bilhões de reais, em 120 mil hectares irrigados, totalizando mais de um milhão de toneladas de frutas, com destaque para o cultivo de uva de mesa e manga, além de goiaba, coco verde, melão, melancia, acerola, maracujá, banana e outras frutas. Ao todo são gerados 240.000 empregos diretos no campo.
É hora de unir esforços para tornar o Maranhão sócio das grandes ideias transformadoras, ao invés de ficar reproduzindo a triste cantilena de jogar a culpa uns nos outros. Explorar economicamente a riqueza, ao invés de explorar politicamente a pobreza. Esse é o caminho.