Entender e compreender a origem do crime e da violência tem sido um grande desafio para as sociedades. Da teoria biológica do italiano Cezare Lombroso (1835-1909) que afirmava que o homem por sua natureza já nascia criminoso, passando pelo modelo explicativo psicológico de Sigmund Freud (1856-1939) que enfatizava ter os traumas infantis severas repercussões sobre a maneira de ser atual das pessoas, chegando até ás teorias sociológicas que passaram a defender que o homem não nasce criminoso e que tal situação é desenvolvida ao longo da vida, já se somam alguns anos e muitos tratados.
O máximo que se chegou com todos esses estudos foi o de se aproximar do que seriam as possíveis causas da violência. O sociólogo francês David Emile Durkhein (1838-1917) defendia que o fenômeno da violência é decorrente da anomia, que é nada mais nada menos do que a falta de normas. Já Robert Merton, considerado um dos mais influentes sociólogos do século XX (morreu em aos 92 anos em julho de 2003) começou a estabelecer as relações da violência com as condições materiais da população.
Estudiosos mais modernos do tema, como Graziela Acquaviva (2002) Stanislau Krynsky (2000), se contrapondo às teorias deterministas enfatizam que diante da complexidade do fenômeno, é inconcebível pensar numa única explicação para a violência.
Estudos e teorias à parte, as pessoas soltam seus gritos de socorro e clamam por uma sociedade menos violenta, mais segura, com menos crimes.
Em se tratando de Brasil necessário é que pelo menos se tente desmantelar essa grande indústria chamada crime.
Em nosso país, quando se pensa na guerra contra o crime, diante do que ouvimos, lemos ou vemos naturalmente surge uma pergunta: Haveria um interesse real das autoridades para combater a criminalidade?
Admita-se, ou não, o crime se tornou uma indústria. Muita gente ganha com ela. É um grande e lucrativo negócio. Quanto mais intensa a onda de crimes maiores são os lucros. São bilhões de reais produtos do crime circulando livremente no mercado.
Ganham os jornais sensacionalistas - violência ajuda a vender jornais - as casas de armas, as empresas de vigilância, a indústria automobilística ao produzir veículos blindados, e até os vigias de quarteirões que arriscam a vida protegendo os bens de quem pode pagar.
O crime não gera somente lucros financeiros. Também produz dividendos pessoais, políticos e eleitorais.
O repórter policial ganha fama; o delegado de Polícia, dependendo do caso, se projeta com o reconhecimento público quando consegue resolver o caso, e pode até ser promovido; juízes de direito e promotores, sob vários aspectos, também podem se dar bem quando agem com rigor, principalmente nos crimes de grande clamor público.
O País está cheio de exemplos como o da juíza de direito aposentada Denise Frossard, que tempos atrás se insurgiu contra o crime organizado no Rio de Janeiro e de tão popular que ficou entrou para a política e chegou a ser até deputada federal.
Os gestores políticos também faturam ao aparecer nos meios de comunicação anunciando que não “darão trégua e que serão adotadas medidas enérgicas contra o crime”. Percebe-se claramente que não são somente os bandidos que se beneficiam com o crime.
O crime compensa? Para alguns, mesmo que temporariamente sim, senão já teria deixado de existir.
O grande perdedor nesta história é o cidadão comum inserido em milhares de famílias afetado direta e indiretamente pela ação dos criminosos. Ora chorando a perda de um ente querido, ora lamentando a subtração de um bem.
O fato é que a sociedade pede socorro. Qualquer um, independente da classe social a que pertença, pode ser a próxima vítima. A necessidade imediata não é o de se compreender a origem, e sim de que se adotem medidas e políticas públicas eficazes que favoreçam a vida em sociedade com mais segurança.
Ontem um passo importante foi dado no enfrentamento desse problema em Imperatriz, quando juízes, promotores, advogados e a força de segurança se reuniram para tratar de segurança pública e, consequentemente, do combate ao crime. Espera-se que medidas locais concretas sejam brevemente anunciadas.
*Elson Mesquita de Araújo, jornalista.
Publicado em Cidade na Edição Nº 14925
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