Dez pessoas, segundo a denúncia, foram feitas reféns

Cerca de dez trabalhadores rurais do Movimento Sem Terra (MST), acampados na fazenda Graciosa, distante 40 km do município de Senador La Rocque e a 70 km de Imperatriz, denunciaram que foram ameaçados de morte e feitos reféns, fato ocorrido no último domingo (14). De acordo com uma trabalhadora rural, que foi feita refém e preferiu não se identificar por medo de perseguição, esta foi a terceira vez que as 56 famílias da área sofreram ameaças.

Ainda de acordo com a trabalhadora, dois homens, um deles armado, fizeram dez pessoas reféns, incluindo duas crianças, uma de 10 e outra de 13 anos, durante, aproximadamente, três horas. “Eu pedi pra dar comida pra menina, porque ela é pequena, e ele disse: ‘ninguém sai, tem homens olhando a terra aí’. Aí eu falei pra ele que nós não temos nada a ver. Depois eles conversaram e mandaram a gente sair e eles ficaram na sede. Foram embora à noite, quando a PM foi lá”, detalha a trabalhadora rural.
Os trabalhadores rurais informaram que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em Imperatriz tem conhecimento, também, das outras duas ameaças sofridas pelas famílias.
A moradora da terra falou, ainda, que durante a ação um homem apontou a arma para a cabeça de uma das pessoas e disse: “Detona logo e deixa aí”. Logo após, roubaram objetos e humilharam o assentado.
Seis homens, segundo a Polícia Militar, saíram da fazenda depois que os policiais chegaram ao local. O subcomandante da PM informou que não foi apreendida nenhuma arma.
A terra em que as famílias estão alojadas fica ao lado de um assentamento criado há 14 anos, o “Batata da Terra”. As famílias querem a ampliação, com mais de 876 hectares, que incluiu a sede da fazenda. Eles consideram os 310 hectares já desapropriados pelo Incra insuficientes para o plantio.
O fazendeiro chegou a receber uma proposta de indenização do governo em 2003, mas não houve acordo sobre os valores a serem pagos e o processo de reforma agrária teria parado.
Os líderes do Movimento Sem Terra (MST) alegam que o impasse se arrasta por mais de 10 anos.
Verônica Viana da Fonseca, coordenadora regional de Assistência e Extensão Rural para a Reforma Agrária, disse que não pode responder nenhuma questão a respeito do assunto, tendo em vista que ainda não se inteirou do assunto. Verônica Viana declarou que está em reunião em Estreito.