Por  Elson Araújo

É bem verdade que todo dia é “dia de tudo”, entretanto, desde o momento em que o homem passou a viver em comunidade, que datas especiais passaram a ser comemoradas e vividas com intensidade. Ora para marcar o início de uma colheita, ou a chegada do período de chuva; ora para homenagear um deus doméstico. Esse costume se perpetuou pelos raios do tempo e hoje o mundo celebra diversas datas especiais, tanto no mundo cristão como no não cristão. O Natal, por exemplo, é uma das datas do calendário cristão para celebrar o nascimento de Jesus Cristo. Segue-se ainda o Carnaval, a Paixão de Cristo, o Dia das Mães, o Dia dos Pais, o Finados, o Dia do Trabalho e, antes que seja esquecida, tem também a data do aniversário da gente, não é mesmo?
Os mais ranzinzas e indiferentes poderão dizer: todo dia é dia das mães, é dia da criança, é dia de celebrar aquilo e aquilo outro. E estes não deixam de ter um pouco de razão, contudo as datas especiais ou específicas abrigam toda uma carga emocional gerada pelo determinante da sua criação. Logo, toda essa carga energética, positiva ou negativa, reflete diretamente em quem as vive. O sentido reside justamente nesse particular: o de dar importância à data extraindo e vivendo as emoções que dela aflorarem.
Cada data celebrada é um rejunte de emoções. O dia de finados nos remete à lembrança daqueles que fisicamente não estão mais entre nós. Choramos, mas também refletimos sobre o sentido da vida. No nosso aniversário temos a celebração do nascimento e o sentimento da presença no mundo. Boas emoções são geradas ali provocando um bem-estar que às vezes vai além da data natalícia. É bom e faz bem celebrar a vida.
E o Natal e Fim de Ano? São datas mais do que especiais que, tirando o lado consumerista, “calam fundo no nosso peito”. Rimos pela família reunida, choramos pelos ausentes, aflora o sentimento da gratidão pelas conquistas alcançadas e tristeza pelo que não foi possível alcançar. Algumas almas até mais caridosas ficam e realizam gestos concretos na direção dos que mais necessitam.
Nessas datas especiais é comum as pessoas se entregarem com mais força às superstições, às rezas, mantras, cânticos e orações, enfim, concentram numa única ocasião todos os rituais possíveis para que o ano entrante seja garantia de saúde, prosperidade e conquista de sonhos.
O importante nessas datas, quer sejam cumpridas ou não, é a renovação das promessas consigo e com os outros; o estabelecimento de metas e uma coisa que acho bem legal: a renovação das expectativas e da esperança de que o não atingido será possível no tempo novo que vai chegar. As datas especiais são, por assim dizer, elementos de propulsão da motivação humana.
E assim navegamos nós na veia da esperança experienciados pelo passado, plugados nas emoções do presente e conectados com que há de ser o futuro.