Francimar Moreira
A crise SANITÁRIA (coronavírus), a crise ECONÔMICA (fruto de décadas de políticas equivocadas), a crise POLÍTICA (resultado da absoluta inépcia do ocupante do Palácio do Planalto para o exercício do cargo), a crise TRIBUTÁRIA (criada e nutrida por mafiosos cruéis), a crise INSTITUCIONAL (que resulta de atitudes não republicanas de membros dos três Poderes da República), somadas à crise ÉTICO-MORAL (que se abateu sobre a classe política brasileira e contaminou irreversivelmente o atual governo), exigem que tenhamos atitudes racionais e transformadoras – sob pena de vermos o País mergulhar em uma catástrofe política e socioeconômica de graves proporções.
É deplorável que, com tanta riqueza natural, o Brasil esteja sendo levado à para um flagelo político, moral e humanitário, ou até a uma convulsão social, por alguém que foi expulso do Exército para que se preservasse a ordem, a disciplina e a imagem dessa instituição! E a pergunta que qualquer ingênuo poderia fazer é: “Se não pôde permanecer no Exército como um subalterno qualquer, por absoluto antagonismo com a disciplina e a ordem, como pode ter sido alçado à condição de Presidente da República e, por conseguinte, comandante supremo das Forças Armadas?!...”.
É sabido que o ocupante do Palácio do Planalto tinha, na disputa presidencial, vários concorrentes mais bem qualificados do que ele. Porém, dois motivos levaram-no à presidência: 1) o discurso veemente contra a corrupção de governos anteriores, dirigido de forma arrebatadora a um público raivoso e inconseqüente, o que fez muitos acreditarem ter ele compromisso com a ética; 2) o fato de milhões de eleitores terem ficado sem opção para arrancar do poder os malversadores contumazes de recursos públicos – fato que os obrigou a votar nele no segundo turno.
Na verdade, Bolsonaro e o Cabo Daciolo (aquele do mantra “Deus seja louvado!”) deviam ter deixado como lembrança da campanha de 2018 apenas o viés folclórico e algumas pérolas vocabulares para enriquecer o anedotário político tupiniquim. E não devemos atribuir votos concedidos a candidatos ineptos à ignorância política do eleitorado brasileiro, afirmando, por exemplo, não saber votar ou coisas que os valha! A questão, de fato, é bem mais complexa e envolve, sobretudo, falta de consciência Cívica de nossas elites econômicas, intelectuais e dirigentes.
Tem sido comum ao Sr. Presidente, assim como a ex-ministros seus, mormente da Educação e das Relações Internacionais, trapalhadas que mais parecem apropriadas a programas de HUMOR. É claro, porém, que a gravidade que ronda o Brasil e a nação brasileira não permite confundi-la com tiradas humorísticas. Afinal, QUASE SETENTA MIL pessoas já perderam a vida, enquanto o atrapalhado chefe de governo fala e pratica coisas que são próprias de lunáticos.
A confusão criada pelo Presidente Bolsonaro sobre como enfrentar a pandemia do coronavírus, sobretudo sua recusa em aceitar as recomendações da ciência para prevenir e erradicar as consequências letais do bichinho, até mesmo sobre uso ou não da máscara protetora, o que devia ter feito de pronto, como exemplo para os que resistiram a usá-la, são atitudes inapropriadas a quem se proponha a governar. Não dimensionar a importância do cargo que o transforma em figura influente, sobretudo, perante a população menos informada, revela-o grande estulto.
Um famoso Prêmio Nobel de literatura disse: “Nada justifica que o povo brasileiro tenha levado ao segundo turno O MAIS RUIM E O PIOR”. E diga-se, para elucidar, que a maioria dos eleitores votou nesse inepto que finge governar tão somente para derrotar o candidato do PT. E, com o mesmo objetivo, essa parcela do eleitorado está pronta para, na próxima eleição, direcionar o seu voto buscando a construção de um novo modelo de governo – afinal, o Brasil merece e precisa, urgente, ter um LÍDER à altura de sua pujança econômica e cultural.
É deplorável que o Brasil, exemplo de liderança perante a diplomacia mundial, que teve expoentes como José Bonifácio, Barão do Rio Branco, Rui Barbosa, Oswaldo Aranha e outros, esteja sendo ridicularizado no mundo inteiro, em face de atos ingênuos dos ocupantes da Presidência da República, da Diplomacia e até do ex-ministro da Educação. Presume-se que, ante a tantas trapalhadas, os corpos dos ex-presidentes Getúlio Vargas, Castelo Branco, Ernesto Geisel, Juscelino Kubitscheck e outros, estiveram prestes a romper a sepultura onde jazem.
Diante da iminência de uma catástrofe político-administrativa, nos restam três alternativas: 1) impedir a permanência no cargo, do atual ocupante do Palácio do Planalto; 2) nos acomodar e deixar a irracionalidade desmoralizar de vez o Brasil e nos levar ao caos político, econômico e social a curto ou médio prazo; 3) pressionar o presidente a adotar correções de rumo. É certo, porém, que nos encontrar reduzido, perante o mundo, a motivo de chacota, por causa de atitudes tolas do inquilino do Palácio do Planalto e alguns de seus ministros, é simplesmente inaceitável.
Há previsão de que em breve teremos VINTE MILHÕES de desempregados. Temos ainda QUARENTA MILHÕES de brasileiros vivendo de bicos, o que perfaz SESSENTA MILHÕES de pessoas passando extrema dificuldade. Se considerarmos um dependente para cada desamparado formal, a conclusão que nos salta aos olhos é a de que 120.000.000 (CENTO E VINTE MILHÕES) de brasileiros vivem uma situação desesperadora. O que nos autoriza a considerar que, do ponto de vista social, vivemos, sim, uma tragédia sanitária, política e humanitária.
Viver arrotando orgulho e poder diante de uma situação como a nossa, é próprio dos desprovidos de circuito neural suficiente para enxergar o óbvio. Faz-se urgente adotarmos punições mais ágeis e severas para meliantes: sejam LADRÕES de cofres públicos ou de qualquer natureza. No entanto, a punição de quem, no exercício de um cargo público, aproveita-se para OBTER VANTAGEM pessoal, deve ser AGRAVADA em no mínimo 100% (cem por cento) sobre a punição de LADRÕES comum! E o ficha suja deve ficar inelegível pelo resto da vida.
Do quadro desolador que nos aflige, três fatos se impõem como indomáveis e parecem próprios de nossa pobre cultura: 1) assistir inerte a “administradores públicos” fraudando licitações e roubando descaradamente, apesar da dramática situação em que vive a maioria do povo brasileiro; 2) A adesão de grande parte das elites aos grupos dominantes, independente do viés ideológico; 3) nossa incapacidade de reação contra os que mantém a pandemia moral e não hesitam em satisfazer seus instintos primitivos – roubando recursos que alimentariam crianças e salvariam vidas.
Se o conjunto da sociedade brasileira não assumir uma postura mais agressiva contra a leniência na aplicação de penas a quem comete CRIMES, por certo veremos aumentar a demanda por mais policiais, mais delegados, mais carcereiros, mais juízes, mais promotores, mais agentes penitenciários, mais delegacias, mais presídios e muito mais despesas. E sabe quem paga os salários e as benesses dessa gente toda mais os custos da manutenção dos presos? Os que trabalham e pagam impostos em tudo o que produzem e consomem.
Construir uma sociedade menos desigual e melhor é um imperativo civilizatório. E para isso é preciso combater privilégios de qualquer natureza e adotar maior rigor contra os facínoras, sobretudo LADRÕES de cofres públicos. E somente o povo unido e nas RUAS pode modificar o quadro de tolerância que interessa tanto aos gatunos de gravatas. Antes, porém, pressionemos Bolsonaro a respeitar o povo e as instituições, e torçamos para que o Brasil resista, pelo menos até a faixa presidencial ser transferida, em primeiro de janeiro de 2023, a CIRO GOMES.
Aliás, é bom encararmos eleições com mais cuidado, porque se for para produzir proezas humorísticas, como fizeram Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro, é preferível testarmos o humorista e deputado TIRIRICA NA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA.
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