A Terapia Cognitiva (TC) surgiu na década de 1950 a partir de pesquisas e observações clínicas de Aaron Beck sobre a depressão. Ao buscar comprovação empírica para o modelo psicanalítico de depressão da raiva retroflexa – modelo motivacional que propõe que o depressivo se deprime em uma tentativa de autopunição - Beck acabou, na realidade, por desconfirmar esse modelo, propondo, ao contrário, que a depressão resulta simplesmente de padrões cognitivos negativos de processamento de informação. Sua conceituação da depressão, não como um transtorno emocional, mas como um transtorno de processamento de informação, revolucionou o campo da psicoterapia e fundamentou a proposição de um novo sistema de psicoterapia, que ele denominou de Terapia Cognitiva. Hoje, a TC é reconhecida internacionalmente como uma das formas mais eficazes de tratamento da depressão.
Em recente estudo promovido pelo Banco Mundial e pela Organização Mundial da Saúde sobre o impacto da depressão, ficaram evidentes seus efeitos devastadores, sendo considerada a quarta maior causa de incapacitação no mundo. Os estudos relatam um aumento na incidência da depressão, estimando-se que aproximadamente 15% da população adulta será vítima de pelo menos um episódio depressivo, ao mesmo tempo em que se observa uma redução na idade de ocorrência do primeiro episódio, com aproximadamente 9% dos adolescentes apresentando um episódio de depressão severa antes dos 14 anos de idade. Além disso, a depressão, para a maioria das pessoas, é uma enfermidade recorrente e crônica. Esses dados indicam a importância de planos eficazes de prevenção e tratamento.
A depressão associa-se a uma visão negativa não realista com relação aos três vértices que resumem a experiência das pessoas com o real, quais sejam as experiências relacionadas a si, ao mundo e ao futuro. O modelo cognitivo propõe ainda o conceito de esquemas e crenças disfuncionais decorrentes de experiências relevantes de vida que o depressivo registrou, em estágios precoces de seu desenvolvimento. O paciente deprimido tende a interpretar suas experiências como privações, perdas e derrotas irreversíveis.
Tratamento: O objetivo fundamental da Terapia Cognitiva seria, portanto, promover a restruturação cognitiva, ou seja, a mudança no sistema de esquemas e crenças do depressivo, e restabelecer a flexibilidade cognitiva, que conjuntamente lhe possibilitariam modulação emocional diante dos problemas e das dificuldades inerentes à vida, por outro lado a melhora do paciente em psicoterapia vai além do simples alívio da depressão; ele “aprende” com sua experiência psicoterapêutica de maneira abrangente e desenvolve processos que previnem novos episódios. Saiba Mais:
Beck, A,T., RUSH,AJ. SHAW,B,F., EMERY,G. Terapia Cognitiva da depressão. Porto alegre: ArtMed, 1997.

Dra. Diana Regia Meireles Saraiva - Psicóloga Clínica especialista em Psicologia Hospitalar e Domiciliar, Dinâmica de grupo e Relações Humanas, Oncologia, Saúde Mental, especializando-se em Terapia Cognitiva. Pelo ITC – São Paulo.