Com famílias, colchões, barraca, fogão improvisado, carro de som e lona para abrigarem-se da chuva, “taxistas-lotação” que tiveram seus veículos apreendidos dizem que continuarão no local até que suas reivindicações sejam atendidas.
De acordo com os manifestantes, oitenta taxistas estão reivindicando a devolução de 29 veículos apreendidos há vinte dias. Segundo Manoel de Almeida (Bebé), da Associação dos Taxistas-Lotação, após conseguirem a liberação dos veículos, as manifestações serão em torno da “liberação do serviço”. Manoel Almeida diz que o prefeito ainda não se manifestou ao grupo.
O taxista-lotação Bruno Frota reclama da apreensão de seu carro. Segundo ele, a prestação está atrasada e o dinheiro que tinha guardado está no fim: “Faltava quatro dias para pagar a prestação de 850 reais, aí o carro foi apreendido... Gastei o dinheiro que tinha para comer. Tenho família e três filhos. Estou devendo pensão alimentícia e, sem trabalhar para pagar, estou com medo de ser preso”, diz.
Valdenor Cavalcante está acampado com a mulher e dois filhos, além de irmãos, sobrinhos e amigos. O taxista conta que o carro foi apreendido e alega que um dos critérios para apreensão dos táxi-lotação seria a presença de pelo menos dois passageiros no interior do veículo. Porém, segundo ele, em seu táxi não havia nenhum passageiro. A esposa de Valdenor Cavalcante, dona Maria da Paz, diz que trouxe colchão e dorme desde terça-feira com os filhos no local. Ela comenta que está apoiando o marido: “Desde terça-feira estou aqui. Enquanto não liberarem nosso carro, eu durmo aqui. A gente precisa muito desse trabalho, não é brincadeira o que a gente está passando. Moro no Bom Sucesso, estou sem ir em casa, estamos usando o banheiro do prédio de dia e à noite usamos das casas...”.
O secretário municipal de Trânsito, Cabo Jota Ribamar, afirma que as apreensões foram feitas porque os táxis estariam em situação irregular. Segundo Jota Ribamar, várias irregularidades foram constatadas e teriam justificado a apreensão dos veículos. Entre as irregularidades apontadas pelo secretário estão documentos atrasados, multas, pontos na carteira de habilitação e carros particulares utilizados como táxis. Quanto aos critérios para apreensão, Cabo Jota Ribamar afirma que os veículos não podem “pegar” passageiros próximo às paradas de ônibus, ponto de mototáxis ou de táxis. Na abordagem, os agentes perguntam aos passageiros se o transporte em que se encontram é táxi-lotação. Caso respondam que sim, o veículo é apreendido.
O secretário diz também que os trabalhadores em questão podem continuar trabalhando, desde que tenham ponto para esperar passageiros. Ele assegura que a liberação dos veículos depende da Justiça e não da secretaria. (Geovana Carvalho)
Publicado em Cidade na Edição Nº 14232
“Taxistas-lotação” acampados em frente à prefeitura reivindicam devolução de carros apreendidos
Acampados em frente à Prefeitura de Imperatriz desde a última terça-feira, “taxistas-lotação” protestam contra apreensão de seus instrumentos de trabalho
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