Raimundo Primeiro

Sônia nascera na pequena, pacata e bucólica Santa Rita, cidade localizada nas proximidades de São Luís, a Ilha-Capital, considerada a terra da farinha. Por lá, ficara durante um curto período de sua vida.
Chegara à cidade de São Luís, a bela e encantadora capital maranhense, ainda menina. Na época, com cerca de quatro anos. Talvez, não! Entretanto, era o que ficava alvinitente, descartando quaisquer desconfianças. As pessoas que a olhavam não duvidavam.
Poderia haver contradição, ou seja, ser verdade ou mentira. Mas era o que informava categoricamente sua madrasta. A mulher, ríspida, não media palavras, criara a menina com dureza, mão de ferro mesmo. Falava sem medir consequências. Os castigos eram frequentes.
A fria mulher fazia questão de ressaltar, quando era interrogada, que menina estava mesmo com quatro anos. Mudara para São Luís em decorrência da morte de sua mãe, a qual, inclusive, dizia, chamava-se Rosângela.
Os tempos passavam e a menina crescia numa rapidez meteórica, encantando a todos. A vizinhança, sobretudo os meninos, ficava impressionada ante a sua beleza cada vez mais radiante, que encantava a todos que a conheciam.
Certo dia, quando retornava da escola, não muito distante da casa em que morava, avistara uma movimentação, um aglomerado de pessoas. Elas andavam freneticamente. Ao perceber o vai e vem, Sônia começou a se preocupar. Entretanto, sem desconfiar do que havia ocorrido.
Quando adentrou a casa, deparou-se com a rabugenta madrasta, informando que seu pai estava morto, fora vítima de um infarto fulminante. A frágil menina começara a chorar, sem saber qual atitude tomar. Permanecera ao lado do caixão. Inerte, ficara olhando o corpo do pai por cerca de trinta minutos. As pessoas não entendiam, já estavam preocupadas.
Alguns meses após a morte do pai e de ter sofrido bastante da malvada madrasta, optou por sair de casa. Certo dia, sozinha, saiu sem avisar, tomando rumo ignorado. Foram três meses vivendo nas ruas de São Luís, perambulando, até parar a Imperatriz. Veio de carona, com um caminhoneiro paulistano.
Chegara a Imperatriz por volta da meia-noite de uma segunda-feira do mês de outubro de 1995. Vagando pelas ruas da cidade, sem dinheiro para custear despesas com hospedagem e alimentação, teve de prostituir-se, ‘vender’ o corpo para não passar fome, já na noite em que aqui chegara.
Viveu assim entre nós: se prostituindo, ficando com homens de todos os tipos, para poder sobreviver. O quadro começaria a ser revertido por meio de ação súbita. Ao passar por Sônia, que estava nas proximidades do antigo Terminal Rodoviário de Imperatriz, um casal decidiu abordá-la.
- Qual o seu nome, por favor? Sônia. Tem parente? – perguntou.
Sônia respondera que não!
Estamos precisando de alguém para morar conosco. Você se enquadra no perfil certo, temos certeza.
Sônia percebera que o tempo passava veloz e incontrolavelmente e, sendo assim, aceitou a proposta.
A menina cresceu, namorou. E se transformara numa mulher linda e sensual, despertando a atenção da rapaziada por onde passara.
Conheceu Fernando e com ele casara-se. Os dois estão juntos. O casal é pai de Patrício e Mônica.
Hoje, Sônia é exemplo de superação para muitas pessoas que vivem em Imperatriz, inclusive jovens, ministrando palestras para os diversos setores da comunidade. Ela pede para a juventude ficar afastada de manifestações cujos desfechos culminem com a entrada da mesma no obscuro mundo das drogas.

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