Raimundo Primeiro

Chega ao mercado editorial, mais uma obra do jornalista, poeta, romancista, articulista, cronista, contista e poeta cordelista Domingos Isaias Cezar Ribeiro. Um primoroso apanhado de crônicas inspiradas no rio Tocantins.
Assinado pela Ethos Editora, de Imperatriz, o livro, intitulado “Causos do Cametá”, narra acontecimentos registrados pelo pai do jornalista, Cametá, a ele contados modestamente, na linguagem de um homem simples, porém, sábio, conhecedor de muitas coisas e lousas, principalmente relacionadas ao rio Tocantins, de onde, por muitos anos, tirou o sustento dele e da família, pescando e respeitando, inspirando-se para as aventuras do cotidiano. 
A obra, em forma de crônicas, conta um pouco da convivência entre o autor e o pai, retratando os “tempos de antigamente no rio Tocantins”, como assinalaria Cametá, marujo de antigos e memoráveis períodos da Imperatriz de outrora. Imagens inapagáveis das mentes daqueles que, naqueles tempos, obviamente, viveram. A coordenação editorial é de Rafael Silva e Ribamar Silva. 
Logo no prefácio, o poeta Ribamar Silva destaca que “Causos do Cametá” é um livro de memórias. “Uma nau conduzida pelo autor pelas correntes e remansos do rio da memória para re/lembrar sua infância ao lado do pai, o pescador Cametá, um homem simples de linguajar peculiar, cuja fonte de nutrição biológica e psicológica foi quase sempre o rio Tocantins”, acrescentando que, sem o rio, Cametá não seria o mesmo”.
O jornalista Elson Araújo, por outro lado, diz que, nesta obra, o jornalista Domingos Cezar “mergulha no mundo dos contos, onde rememora as histórias contadas e vividas pelo pai, o afamado pescador Raimundo Lopes Barra, o popular Cametá, nas águas dos rios do Maranhão, Pará, Tocantins (antigo Goiás) e Amazonas”.
Elson, também cronista e poeta, ressalta, a propósito, tratar-se de “uma leitura extremamente saborosa que consegue, num piscar de olhos, transportar o leitor ao universo temporal do ‘velho marujo’ Cametá”.
A esse respeito, com detalhes, Domingos Cezar lembra dos feitos do pai, muitos deles ocorridos as margens e no rio Tocantins, durante pescarias, com companheiros, no labor diário. “Era um desejo meu e um compromisso de muitos anos em imortalizar em livro, meu exemplo, meu ídolo, meu pai”, revela. 
Companheiro de confraria, dos encontros dos fins de semanas, principalmente das tardes de sábados, do Bar do Olímpio, setor Beira-Rio, o médico Gilson de Sousa Kyt observa que, em “Causos do Cametá”, “fazemos uma verdadeira imersão em universo de coisas boas, pois DC nos presenteiam com uma obra belíssima”.
Não deixe, portanto, de ler o retrato da Imperatriz, de quando era possível – e com abundância – pescar no Tocantins, o rio, que, aos poucos, vai perdendo a beleza de antes. Adquira, já, “Causos do Cametá”, um motivo a mais para tonar agradável o seu fim de semana. Um “reencontro” com o homem, que, a seu modo, soube viver, fazer amizades e, sobretudo, deixar cravado nas mentes dos que ainda entre nós estão, marcas próprias e, igualmente, indeléveis. E mais: que é possível harmonizar-se, criando simbiose entre os seres e o ambiente em que vivem.
Cametá foi do mundo para o mundo. Homem de mil facetas no âmbito do querer permanecer em efetivo contato com o Tocantins, rio que o fez palmilhar, da sua forma, trajetória de amizades e de um observar adverso em relação ao cotidiano. Domingos Cézar soube muito bem imortalizar as andanças e os feitos do pai, trazendo à tona acontecimentos por poucos conhecidos. Casos e causos contados e por ele ouvidos durante bons anos de sua infância, também nas barrancas do rio por meio do qual os pioneiros singraram a região. 
Eis, portanto, “Causos do Cametá”. Iniciativa plausível da Academia Imperatrizense de Letras (AIL), instituição da qual o autor faz parte, ajudando a escrever a Imperatriz do futuro.
“Causos do Cametá” sai do “forno” com a melhor das propostas: reforçar a importância do rio Tocantins para a cidade e a sua gente, imortalizando uma de suas principais personagens: Raimundo Lopes Barra. Sem rodeios, Domingos Cézar traz a luz dos que hoje vivem coisas de um passado pouco imaginado para a atual geração. Crianças e jovens que não viram o quão era abundante o nosso deslumbrante Tocantins. Tampouco Cametá pescando.
Um ato em poucas páginas que nos proporcionam, além de aprazível leitura, uma “viagem” inesquecível. Um cair nas águas do rio Tocantins de anos memoráveis. Uma obra de cunho regional, permeada de bons e inesquecíveis acontecimentos. Autor e retratado, pai e filho, juntos, outra vez, graças a uma narrativa rápida e, evidentemente, exultante, bem-humorada. 
Tocantins, “nariz de tucano”, em tupi-guarani, entretanto, vida para milhares de brasileiros. Em “Causos do Cametá”, Domingos Cezar se desnuda, escrevendo, sem galanteios, as andanças do pai por aqui, por entre tocantinos paraenses e, sobretudo, maranhenses. 

Boa leitura!