Sempre gostei de assistir palestras, sobretudo quando o palestrante consegue envolver a plateia, não só com o conteúdo, mas com aquilo que sabemos ser técnica para não deixar ninguém com sono, ou desatento, e que agrada o público. Há sempre uma piada, um trocadilho, uma dinâmica que ajuda a passar o tempo, e a deixar a prosa mais palatável.
Na noite da última quinta-feira, 6, o professor doutor Edson Aparecido de Araújo Querido Oliveira, palestrante internacional, não precisou de nenhuma dessas técnicas de envolvimento de público para chamar a atenção para o tema ao qual fora convidado a discorrer na VII Jornada Jurídica da Unisulma: Desenvolvimento e consumo sustentável: a estratégica para a sobrevivência humana.
Foi a primeira vez que me deparei com o tema do desenvolvimento sustentável sob a perspectiva do consumo. Nunca tinha parado um instante sequer para pensar sobre o assunto.
Sabe aquela frase clichê dita em palestras shows, ou mesmo nas pregações e encontros motivacionais de que “depois desse encontro vocês não conseguirão ser mais os mesmos”? O palestrante não precisou utilizá-la, e nem precisava. Com o que foi dito ali dificilmente quem ouviu atentamente  saiu a mesma pessoa do local do evento.
“A humanidade estará extinta em 400 anos se não houver uma regulação do consumo”, alertou o professor induzindo a plateia a refletir, a partir do agora, sobre o futuro do planeta caso não haja um processo global de positivação de mecanismos  legais que venham a regular o consumo de bens e serviços. É nesse ponto que o professor Edson, que é economista e engenheiro, disse que “só o Direito para regular o consumismo”.
Se esse ritmo de consumo, estimulado de forma  intermitente por uma mídia cada vez mais competente e baseada em altos estudos psicológicos, vai determinar o fim da humanidade  daqui a 400 anos, eu nem você, sabemos; o certo é que o experiente professor conseguiu a proeza de chamar a atenção para um tema que não faz parte das nossas preocupações diárias: o desenvolvimento sustentável (sob as primas do consumo) ao qual Edson apontou como pilares a Justiça Social, Sustentabilidade Ambiental e a eficiência econômica.
De fato, preocupamo-nos com quase tudo nessa vida, menos com a situação em que deixaremos o nosso já tão sofrido Planeta para as futuras gerações ambientalmente falando.
Diante da dita sociedade de consumo surge, na opinião do professor Edson Aparecido, além do processo regulatório para que não se extinga os recursos naturais do Planeta, a necessidade de um  cidadão com consciência o bastante para saber consumir o que se tem e que aprenda a reduzir, reutilizar e reciclar.
O cientista falou ainda sobre a questão da energia elétrica e da água, este último ele chamou de “o petróleo do futuro”. Agora, haja espaço para resenhar a palestra do professor Edson, por isso vou parar de falar sobre a palestra que ele fez, bem aqui. Creio que foi possível dividir um pouco com o leitor  a fala dele.
Para completar o ciclo das inquietações ambientais da Jornada Jurídica da Unisulma, na sexta-feira, pela manhã, sob a orientação do professor Artur Alexandre Barros da Costa, na série o Direito e a Sétima Arte, foi apresentado o filme Alimentos S/A,  um bem elaborado documentário que versa sobre a relação do homem com o que ele come; os impactos da produção em massa de alimentos, os alimentos transgênicos, a fome no mundo, a força e a influencia das grande indústrias de alimentos cujo  principal compromisso é com o lucro e não matar a fome no mundo.
Diante desses dois compromissos acadêmicos, dos debates realizados, um da noite de quinta e o outro na manhã de sexta-feira, não tem como não nascer  uma inquietação permanente sobre essa questão da sustentabilidade, tema recorrente na sociedade,  mas pouco vivido.
Sobre o chamado consumo doentio, para encerrar a coluna de hoje, ficam aqui alguns questionamentos  para nós “consumidores conscientes e inconscientes” fazermos sempre que houver possibilidade: o que consumimos? Como são produzidos, e qual a origem dos alimentos que consumimos? O que se produz? Consumimos demais ou menos? Como baratear os alimentos e evitar o desperdício? Há alimentos para todos?
São questões primárias que certamente nos levarão a um pensamento inicial sobre nosso  comportamento diante da cada vez mais ávida sociedade de consumo.

*Elson Mesquita de Araújo, jornalista.