Chefe do INCRA em Imperatriz reunido em seu gabinete com uma comissão de acampados
Sem-terra acampados no pátio da sede do INCRA em Imperatriz

Dema de Oliveira

Mais uma vez, os sem-terra ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em Imperatriz. Desta feita, cerca de 250 pessoas estão acampadas desde a última segunda-feira (30) e deverão permanecer até a chegada do superintendente do Incra no Maranhão, José Inácio Rodrigues Sodré, que está prevista para esta sexta-feira (3).
Segundo a coordenadora do Movimento dos Sem-Terra (MST) em Imperatriz, Gilvânia Ferreira, outros acampados estão se dirigindo para Imperatriz e até sexta-feira estarão na sede do Incra mais de 400 pessoas.
A maioria dos trabalhadores rurais que estão acampados na sede do Incra é da região de Senador La Rocque, da Gleba Boca da Mata Barreirão, que estão reivindicando, como dizem, a arrecadação das fazendas Cipó Cortado, Beira-Rio, Itaipava e Roletes, que juntas chegam a 8.200 hectares. Além desses, estão também acampadas famílias que foram despejadas da fazenda Mato Verde, por determinação da Justiça. Ontem chegaram também sem-terra do acampamento Doroty Stang, localizada às margens da BR-010, no município de Ribamar Fiquene.
Segundo Gilvânia Ferreira, os sem-terra já receberam oito pedidos de reintegração de posse, que não foram cumpridos em função de que a organização tem recorrido. Gilvânia ressalta que esses processos estão sendo feitos todos na justiça estadual, fato que, segundo ela, não pode ocorrer, porque é da esfera federal.

Reivindicações

As principais reivindicações dos acampados são: desapropriação de áreas para a reforma agrária, melhoramento nos assentamentos e linha de crédito.
Essas reivindicações serão feitas ao superintendente do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que chega em Imperatriz nesta sexta-feira para se reunir com os acampados, discutir o problema e chegarem, logicamente, a uma solução para todos eles.
O chefe do INCRA em Imperatriz, Clóvis Gomes de Carvalho, informou a O PROGRESSO que desde o ano passado vêm sendo feitas reuniões e compromissos. Alguns desses compromissos não foram cumpridos pelo INCRA por motivos administrativos e agora estão sendo cobrados. Em função disso, os acampados estão aqui novamente para rediscutir esses compromissos e resolvê-los.
“As reivindicações feitas pelos acampados serão passadas ao superintendente do INCRA no Maranhão na próxima sexta-feira para que ele possa resolvê-las ou pelo menos encaminhá-las”, disse Clóvis Gomes.
Segundo Clóvis Gomes, a maioria das áreas que os sem- terra estão pleiteando está na Justiça. Por esse motivo, tudo está dependendo da Justiça, que é quem vai determinar como ficará a situação para que o INCRA possa criar o projeto de assentamento.
No que se refere ao caso de áreas de terras que foram reintegradas por ação da justiça estadual, Clóvis Gomes disse que áreas de interesse do INCRA são tratadas pela justiça federal. O que foi decidido no âmbito da justiça estadual os procuradores federais decidiram que fosse repassado para a área federal.
Ontem pela manhã, aconteceu mais uma reunião entre o chefe do INCRA em Imperatriz e uma comissão de sem- terra, sob a coordenação de Gilvânia Ferreira, coordenadora do MST em Imperatriz. As reuniões estão acontecendo diariamente.
Gilvânia informou a O PROGRESSO que os acampados trouxeram muitos mantimentos e o que está faltando está sendo adquirido através de “vaquinha”.