No Brasil, vivemos dias difíceis em todas as aéreas, mas a falta de segurança parece ser a que mais nos toca, impressiona e revolta.
A violência criminal saiu das ruas e adentrou na família, na escola, no local de trabalho e o povo já não acredita mais nas soluções governamentais apresentadas, seja na forma de operações policiais ou de intervenção federal, essas coisas.
É que os nossos governantes não entendem, ou não parecem enxergar, que segurança pública não se faz só com policiais, viaturas e armas, ainda quando esses itens vêm acompanhados de serviços de inteligência policial e perícia, o que dificilmente ocorre.
Segurança Pública se faz, em primeiro lugar, com educação de qualidade e com políticas públicas de geração de emprego e distribuição justa de renda.
Vemos isso nos países que investiram pesado em educação, como no caso do Japão, da Dinamarca e até na pequena Coreia do Sul. Lá, a criminalidade foi reduzida a níveis baixíssimos e até as penitenciárias estão sendo fechadas, transformadas em hotéis. Lá, as pessoas não se revoltam contra os mais ricos porque as suas necessidades básicas de alimentação, educação, saúde, transporte etc, estão sendo satisfeitas, além do fato de que a diferença entre os níveis de renda é pequena.
Logo, não há dúvida de que é a educação, a qualificação das pessoas que produz o desenvolvimento, gera satisfação e solidariedade social, evitando atitudes violentas.
Ao contrário, a falta de educação, a diferença entre as classes mais ricas e a mais pobre, somadas aos maus exemplos de autoridades corruptas (protegidas da punição pelo foro privilegiado), é que resultam na criminalidade que estamos vendo aí, o que só mudará quando essas distorções forem corrigidas.
Essa mudança tem que vir pelo voto, o povo precisa limpar o Congresso Nacional e os cargos dos poderes executivos das três instâncias, retirando de lá os corruptos e votando em gente honesta, comprometida com a defesa do interesse público e desejosa de transformar o país em uma grande nação.
No Maranhão, o governo vem investindo em segurança pública, mas de forma totalmente equivocada: enquanto já fez três concursos para a Polícia Militar, não fez nenhum para a Polícia Civil, que está sucateada, com pouco pessoal, não possui equipamentos de informática atualizados, nem sistemas integrados de informações criminais e serviços de inteligência e perícia.
Ora, não basta a PM prender, porque se não juntar a prova da autoria dos crimes, a justiça solta. E essa é a função da Polícia Civil ou Judiciária: investigar os crimes flagrados ou apontados pela Polícia Militar, ou qualquer cidadão. Uma complementa a outra. Sem essa interação, não se faz segurança, mas parece que o governo do ex-juiz se esqueceu disso.
Maria das Graças Carvalho de Souza
Advogada, juíza de direito inativa e ativista social
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