Ritmo de crescimento é acompanhado pela violência

Hemerson Pinto

De um comércio forte, que não se abala facilmente com a crise na economia do país, a cidade - que em 2015 completou 163 anos - comemora o crescimento. Viveu o sucesso no futebol profissional com a conquista do bicampeonato maranhense, aproveita as praias do maravilhoso rio Tocantins, embarcou centenas de estudantes/atletas para os Jogos Escolares Maranhenses e aguarda a passagem da tocha olímpica. É verdade que soube recentemente que a duplicação da BR vai demorar mais do que já era esperado, mas nada disso é maior do que o medo da violência.
“Não é para amedrontar, é simplesmente a verdade. Basta ver, ler ou ouvir noticiários ou menos que isso: participar de um dos grupos de notícias pelo WhatsApp que você fica por dentro de tudo o que está acontecendo em Imperatriz. É o roubo, o furto, o assalto, o assassinato. Os acidentes que preenchem os números da violência no trânsito, que também é assustadora. Fica difícil ter um celular bom, ter uma moto nova ou seminova ou um carro. Por outro lado, são sinais de uma cidade grande. Não era assim quando meu pai chegou aqui, em 1963; ele ainda era criança e Imperatriz estava longe de ser violenta como é hoje. Mas é bom lembrar, ainda está longe de ser como outras cidades grandes e capitais pelo Brasil”.
A declaração acima é de um imperatrizense de apenas 23 anos, com quem nossa reportagem conversou durante alguns minutos enquanto o mesmo aguardava o carro ser liberado de uma das oficinas de Imperatriz. Carlos Eduardo trabalha com o pai no comércio da família e faz curso técnico na área de Segurança no Trabalho.
O jovem levou em consideração os crimes que vêm ocorrendo nos últimos dias, principalmente os assaltos e furtos onde o produto pretendido pelos bandidos são motocicletas. Depois de ver as imagens de um bando formado por três assaltantes agindo nas proximidades de uma faculdade na Nova Imperatriz, próximo à área do Conjunto Cristo Rei, “ficou ainda mais fácil acreditar que os ladrões perderam mesmo o medo, eles desafiam na cara limpa, amedrontam e, se precisar, atiram e matam”, diz.
A cena a que Eduardo se refere aconteceu na noite de quarta-feira. As vítimas, uma mulher e um homem. Ela trafegava em uma motocicleta e os três bandidos caminhavam na direção contrária. Um deles entrou na frente do veículo em movimento, sacou a arma e apontou para a condutora. A mulher parou e logo teve a moto atingida na traseira por outro motociclista, que ali já era atacado pelos outros dois elementos.
O trio saiu levando computadores e alguns outros pertences das vítimas. As motos não foram levadas porque os bandidos não conseguiram ligar os veículos, que ficaram danificados após a batida. “Vi as imagens, fiquei indignado com aquilo e triste porque os vagabundos nunca foram sequer identificados. Tá fácil, tá muito fácil”, desabafa.
Foi apenas o exemplo utilizado por Eduardo para falar sobre o tema violência. Na mesma noite duas motos foram levadas por outros bandidos em pontos diferentes da cidade.
Entrando na conversa, o mecânico, que pediu para não ser identificado (ele já foi vítima de ladrões), acrescenta: “Se a polícia prender, as chances de esses vagabundos estarem nas ruas em pouco tempo é muito grande. Aqui na oficina entraram uma vez, renderam a mim, minha mulher que fica no caixa e meu funcionário. Levaram dinheiro e celulares. Não consegui registrar a ocorrência. Depois, descobri que os ladrões são daqui do bairro. Não confio, deixei de lado e agora tento apenas esquecer”, comentou.
Depois de São Luís, Imperatriz é o município maranhense que mais registra ocorrências e que mais acumula inquéritos policiais em aberto. Coisa de cidade grande? A justificativa há muito tempo é o efetivo policial considerado pequeno, tanto na Polícia Civil quanto na Polícia Militar. E nem a chegada de mais três delegados, o que não resolve, mas ajuda muito, é capaz de convencer a população.
“O bandido que está na rua não quer nem saber se chegaram mais três delegados, se em São Luís foram criadas superintendências de narcóticos, homicídios e de combate à corrupção, nem se Imperatriz vai receber núcleos. Tá certo, são avanços, podem ajudar, mas tudo ainda é muito pequeno diante da audácia dos bandidos. Quando alguém tem coragem de entrar em uma casa pelo muro e sair por cima do muro com uma moto nas costas, não dá pra acreditar que a bandidagem vai perder o medo assim tão fácil”, diz o comerciante Francisco das Chagas.
Ela ainda completou: “Se você tiver a chance de subir em um prédio e observar por alguns minutos a cidade, de cima, vai ver o quanto moramos em um lugar bonito. O rio fica mais bonito ainda, a ponte, os prédios em fase de construção e as áreas, mas o que acontece embaixo, nas ruas, é de lamentar mesmo”.
Em vista a Imperatriz esta semana, o comandante geral da Polícia Militar do Maranhão, Coronel Alves, afirmou a vinda de mais policiais que foram convocados do último concurso.