A Prefeitura de Imperatriz, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, promoveu na tarde dessa sexta feira (17) uma caminhada de sensibilização e fortalecimento da LUTA ANTIMANICOMIAL, que é comemorada dia 18 de maio em nível nacional. O objetivo é chamar a atenção da sociedade para o respeito e reconhecimento dos direitos dos portadores de transtornos mentais, bem como para a humanização do tratamento psiquiátrico e o fim do encarceramento.
O evento, organizado pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPSs), teve concentração e PIT STOP na Praça Brasil, onde teve início caminhada que seguiu pela Avenida Dorgival Pinheiro de Sousa com encerramento na Praça de Fátima.
Sobre o Movimento Nacional de Luta Antimanicomial
Surgiu em 18 de maio de 1987, durante o Congresso de Trabalhadores de Saúde Mental, ocorrido naquele ano em Bauru (SP). Desde então, a data tem sido comemorada anualmente, com discussões sobre a política de saúde mental e a defesa dos direitos humanos das pessoas que sofrem de transtornos psíquicos.
Em Imperatriz, desde o início do ano de 2012 não se trabalha mais com manicômios. Todo o tratamento da rede de saúde mental é feito por meio dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS III, CAPS AD - Álcool e outras Drogas e CAPS IJ - Infanto Juvenil) e da Residência Terapêutica. Os CAPS estão na cidade desde 2004, quando funcionavam paralelamente ao serviço da clínica psiquiátrica (NAISE), que foi fechada no dia 30 de dezembro de 2011.
De acordo com informações do psiquiatra Tarso Maziviero, há uma resistência muito grande por parte da população em aceitar o novo modelo de atendimento.
Antes, o paciente de problema mental era apenas colocado no hospital psiquiátrico e praticamente esquecido lá dentro, uma forma um tanto cômoda de a família lidar com a situação. Para o doente, no entanto, a situação era terrível, pois o indivíduo ficava preso, engaiolado, poderia piorar e ter novas e violentas crises.
"Quando se fecha um hospital psiquiátrico como foi feito no município de Imperatriz, ainda permanece aquela cultura anterior. O responsável pelo doente chega dizendo que trouxe o fulano para internar. Mas aqui é um CAPS, não é um lugar de internação, mas sim de acolhimento, o que é uma coisa completamente diferente. O paciente fica para dormir e é ajustada a dose da medicação, mas não dá para segurar ou contê-lo, o tempo que podemos manter uma pessoa aqui é no máximo 15 dias", explica Maziviero.
"Hoje não é possível internar um paciente que a família traz no meio de uma crise para internar, ele pode passar o dia no CAPS, mas vai dormir em casa. O leito aqui é aberto, o paciente come e dorme bastante. É uma lógica bem diferente do hospital psiquiátrico, onde o paciente poderia ficar vários meses ou até mesmo morar. Além disso, não deixamos o indivíduo perder o vínculo com a família", diz o médico.
A ação na cidade de Imperatriz foi antecipada, já que a luta antimanicomial é lembrada em todo o país no dia 18 de maio, data em que os portadores de transtornos mentais ganharam o direito de um tratamento inclusivo, sem precisar de isolamento da sociedade.
Mesmo assim, segundo o psiquiatra, a conscientização ainda é um desafio. "Os pacientes muitas vezes ainda são rotulados como pessoas perigosas, são discriminados no trabalho, na escola e pelos amigos. A maioria dos pacientes omite que faz tratamento, que é feito em sigilo por causa do preconceito", disse. (Lídio Almeida - ASCOM)
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