Em pleno mês de fevereiro, o rio foi invadido pela areia das praias

Domingos Cezar

"Nunca na história, desde que comecei a navegar e a pescar, vi esse rio dessa fundura". Dessa forma se expressou o pescador Messias Silva, 60, que pesca no rio Tocantins desde a adolescência. O pescador manifestou preocupação, uma vez que as águas do rio estão muito abaixo do verificado em anos anteriores.
A mudança climática verificada no rio Tocantins depois que a hidrelétrica de Estreito entrou em funcionamento tem sido notada por todas as pessoas que tiram do rio o seu sustento e de sua família. Entre estes profissionais, os pescadores, vazanteiros, barqueiros e barraqueiros que armam suas barracas para comercializar comida e bebida no verão.
Este ano a Prefeitura de Imperatriz nem montou a estrutura de iluminação, palco, limpeza pública, nas praias do Cacau e do Meio, como faz desde o início do primeiro mandato do prefeito Sebastião Madeira. O período do veraneio conta com a participação de várias secretarias do governo, coordenado pela Superintendência Municipal de Proteção e Defesa Civil.
"Como nos meses de julho e agosto, época forte do verão, o rio enchia todo o final de semana, achamos que não valia a pena a prefeitura investir tanto e o povo não poder usufruir dos balneários pertencentes ao município", afirmou o superintendente de Defesa Civil, Francisco das Chagas Silva, o Chico do Planalto, coordenador do veraneio.
De acordo com informação de Chico do Planalto, tanto a praia do Meio quanto a do Cacau apareceram pela metade e ainda assim só duraram duas semanas. Na terceira, a enchente expulsou os barraqueiros que insistiam em comercializar seus produtos, mesmo sem a estrutura que a prefeitura de Imperatriz oferece a barraqueiros e vendedores autônomos.
Na última quinta-feira (19), o ambientalista e político Kiki Ernesto, residente no povoado Curvelândia, município de Vila Nova dos Martírios, ficou estarrecido quando chegou à beira do rio, na região do Porto da Cida e Frades e registrou a imagem de praias que tomam o rio de um lado para outro. "Eu nunca vi esse rio tão assoreado em pleno inverno como estou vendo agora, nota-se que ele pede socorro", lamentou Kiki Ernesto, ao fazer o registro fotográfico.