Elson Araújo
Colaborador
O superintendente municipal da Defesa Civil, Chico do Planalto, que nas últimas semanas tem monitorado tecnicamente o nível do Tocantins, declarou que o rio baixou mais ainda. Ontem, o nível estava 2,54 metros abaixo do considerado normal.
“O pior é que não temos localmente o que fazer. As hidrelétricas de Lajeado e Serra da Mesa estão operando com menos de 20% de sua capacidade e a de Estreito, também com deficiência, tem operado para compensar a deficiência das duas”, informou.
Chico do Planalto tem se comunicado diariamente com Estreito. Segundo ele, a orientação superior que o consórcio que administra aquela UH tem recebido é que mantenha a situação inalterada no que se refere à operação de suas comportas para não comprometer a geração de energia elétrica.
“Só mesmo uma atuação {política nacional} para que seja encontrada uma saída para esse problema, que já começa a provocar terríveis prejuízos”, informou o superintendente. Ele ressaltou que com esse quadro, considerando a distância que ainda há para o período chuvoso, a tendência é de a situação se agravar.
Um “retrato falado do problema” é possível de ser feito rapidamente a partir das entrevistas do superintendente aos meios de comunicação. Ele informou que praticamente todas as praias da região nos últimos dias dobraram de tamanho; entre elas a do Cacau e a do Meio, onde hoje é possível chegar a pé, a do Urubu e a da Viração.
A reportagem verificou, in loco, que os pequenos barqueiros que em anos anteriores nessa mesma época do ano reforçavam o orçamento levando banhistas até a Praia do Meio estão parados porque muitos deles se aventuram a chegar até ela caminhando.
Nos últimos dias a “seca no rio Tocantins” tem sido um dos assuntos mais discutidos nas redes sociais. São depoimentos, desabafos, críticas ao silêncio das autoridades, pedidos de socorro, músicas, e centenas de fotografias. Um vídeo musical/denúncia de um compositor de Tocantinópolis (TO) uma das cidades ribeirinhas mais afetadas por essa situação, ontem às 16 horas contabilizava 43.853 visualizações. Naquela cidade, o meio do rio hoje pode ser acessado a pé.
Prejuízos - A alteração no volume do rio já impede a navegação dos barcos de médio e grande porte. Em alguns lugares, como na Serra Quebrada, e no Imbiral, segundo o superintendente da Defesa Civil, Chico do Planalto, só passa “rabeta” e se o piloto tiver muita habilidade. Com isso, algumas comunidades ribeirinhas que ainda usam o rio como transporte, podem sofrer com a falta de abastecimento de gêneros alimentícios. A pesca, nem se fala. Se antes o pescado era difícil com baixa do rio, os pescadores artesanais não conseguem mais nada.
Abastecimento de água - Em Imperatriz, essa seca tem afetado o abastecimento de água em alguns bairros da cidade. O diretor regional da Caema, Rafael Heringer, em recente entrevista declarou que para suprir essa deficiência o governo do Estado já licitou a compra de novas bombas para turbinar a captação e distribuição da água.
Ontem, Rafael Heringer confirmou que houve uma melhoria muita grande no sistema de Imperatriz com três bombas funcionando na captação da água, contudo, com essa baixa repentina “voltamos a ter problemas e precisamos de uma quarta bomba que embora, providenciada, só deve ser instalada daqui a 15 dias”.
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