Atendimento no Centro de Especialidades de Imperatriz é marcado pela tranquilidade

Imperatriz soma-se às mais de 5 mil cidades brasileiras sujeitas às limitações do sistema de saúde. O coordenador do Sistema de Regulação (Sisreg) de Imperatriz, Dr. Irisnaldo Félix, define o SUS como um plano de saúde perfeito, mas sua implantação num país como o Brasil, cheio de contrastes, demanda tempo e recursos. “O SUS pode funcionar muito bem em qualquer lugar do mundo, entretanto a distância entre a teoria e a prática ainda é muito grande. A tendência, porém, é que ele obtenha melhorias diárias. Prova disso é que em Imperatriz, depois da implantação do Sisreg, muita coisa já evoluiu”, afirma.
Mesmo com o título de segunda maior cidade do Estado do Maranhão, Imperatriz está situada numa região historicamente carente de médicos. Algumas especialidades, como urologia e otorrinolaringologia, são as mais carentes de profissionais, que raramente procuram a cidade para se instalarem e exercerem sua profissão.
De acordo com o secretário de Administração, Iramar Cândido, no último concurso público realizado em 2012, muitas especialidades médicas não tiveram preenchimento por falta de interesse dos profissionais médicos. Nos casos em que houve procura, um número maior de médicos já foi convocado, mesmo com número menor de vagas.
Recentemente, um casal de otorrinos procedentes de São Paulo foi contratado pela prefeitura e não ficou nem ao menos uma semana na cidade. Foram muitas as reclamações com o calor, alimentação, etc. Só não reclamaram do salário e, mesmo assim, decidiram retornar à capital paulista.
O lado ruim dessa questão é aquela que todo mundo conhece: longas filas de espera para consultas, exames e cirurgias, faltam vagas para internação, faltam médicos em várias especialidades, demora nos encaminhamentos e na marcação de serviços especializados.
Ana Lourdes Rocha Oliveira, professora, 51 anos, esteve recentemente na Unidade dos Três poderes; ela aguardava uma das 50 senhas para o ginecologista Dr. Guilherme. Ela afirma que sempre que precisa recorre ao SUS. “Já utilizei o serviço médico no CAPS do Parque Anhanguera, sendo consultada por um psiquiatra, lá fui atendida com prontidão”, afirma, satisfeita.
Estatísticas - Números oficiais mostram que de cada quatro imperatrizenses três utilizam exclusivamente os serviços do SUS, enquanto apenas um busca assistência no setor privado. É um volume muito grande para recursos ainda muito pequenos.
O prefeito Sebastião Madeira e a secretária de Saúde, Conceição Madeira, administram um setor gigantesco. Só em número de funcionários, a SEMUS chega a ter o triplo de todo o município de João Lisboa. Os números impressionam, são 34 postos de saúde, com 43 equipes de PSF, cerca de 11 especialidades, entre as quais otorrinolaringologista.
O serviço público de saúde de Imperatriz também não se resume a consultas, exames e internações. Apesar de poucos recursos, a SEMUS apresenta soluções para casos complexos, como atendimento de doentes de AIDS e transplantes.
O Sistema Público de Saúde de Imperatriz responde por 100% da Atenção Básica em Saúde e por 85% do atendimento de alta complexidade, como é o caso de AIDS, transplantes de órgãos, Alzheimer, pacientes renais crônicos, etc. Enquanto isso, os planos privados concentram-se na média complexidade.
Para se ter uma ideia da dimensão do atendimento em Imperatriz, no maior hospital particular de Imperatriz, há apenas um enfermeiro plantonista, enquanto a prefeitura mantém quatro plantonistas na triagem.
Já na Unidade de Pronto Atendimento – UPA, normalmente são atendidas diariamente cerca de 35 crianças, número que cresceu para 75 nos últimos plantões. Segundo os profissionais da Unidade, esse aumento se deve à grande procura de pessoas situadas nas classes A e B da população. Isso quer dizer que os ricos migraram definitivamente para o SUS. Além disso, a Organização Mundial de Saúde delibera um técnico para atender de 5 a 7 crianças, procedimento que não ocorre no sistema privado.
A saúde pública ainda acolhe a Vigilância Sanitária de Alimentos e as campanhas de vacinação, além dos cuidados com as zoonoses. Campanhas e mais campanhas são deflagradas anualmente, bem como capacitações dos profissionais e uma prioridade incessante na humanização de todo o sistema.
A previsão é que num futuro próximo deverão ser somados o hospital escola, a faculdade de Medicina e o mais necessário: o hospital de urgência e emergência para substituir o Socorrão, que mesmo com uma demanda regional altíssima ainda se constitui na salvação daqueles que precisam desse atendimento e não podem esperar por outra solução. (Lídio Almeida – Ascom)