A madrugada desse domingo (24) marcou de forma triste o que poderia ser de fato a inauguração de uma das grandes casas de eventos de Imperatriz. O cantor Israel Novaes foi impossibilitado de subir ao palco e fazer seu show, pois antes do horário limite já havia equipe de juizado de menores e força policial aguardando o fim do tempo permitido.
Em Imperatriz, vigora uma lei municipal que proíbe que boates, casas de shows e eventos se estendam até depois das 2h, mas segundo o proprietário Cícero Queiroz, isso não é observado nem cumprido por outros estabelecimentos, tendo em vista que todo o público presente se dirigiu para a rua XV de Novembro, onde já eram aguardados, e de lá postaram vídeos e fotos em redes sociais declarando: “Aqui funciona até as 6 da manhã”, sem que houvesse intervenção de qualquer órgão competente.
Cícero diz assumir o erro quando se fala do horário porque sabe que o permitido é até as 2h: “Tanto público como artistas, produtores, todos sabem disso e eu assumo que houve esse erro, mas todos também sabem que na madrugada do domingo ficou intransitável a rua até as 6h da manhã de tanta gente que circulava. Israel Novaes está com o cachê pago e irá voltar. Se for preciso, faremos esse show de portas abertas e quem pagou bastará vir com a sua pulseira que não irá pagar nada, mas eu não posso nem tenho dinheiro para ressarcir os ingressos - em torno de 80 mil reais pago - pois foi tudo repassado ao artista. O que mais me dói não é a questão financeira, mas sim saber que fomos fechados às 2h com toda a documentação necessária e exigências cumpridas, enquanto as outras casas funcionaram até de manhã. É inaceitável”.
Sobre o show de Israel Novaes
O proprietário relata que o cantor foi contratado para a inauguração, que seria dia 23 de outubro de 2015, show que não aconteceu por falta da adequação da construção com as exigências do Corpo de Bombeiros, e a apresentação foi remarcada junto ao artista para sábado passado (23 de janeiro): “Foram vendidos mais ingressos e quem exigiu fizemos a devolução. No sábado, paguei 25 aéreas para Israel Novaes e equipe. Saíram no voo das 20h de Brasília e às 21h05 estavam no aeroporto, de onde foram para o Hotel Imperial. Toda a equipe presente e o cenário montado desde cedo na casa. Estava, então, tudo certo. Aconteceu um atraso para o cantor subir ao palco, pois todos sabemos que existe a lei das 2h, e assumo meu erro, mas não haveria a necessidade de ter sido daquela forma. Para nossa surpresa, 1h30, um contingente de policiais já estava na porta da Santa Fé com a vara da infância. Em meio a 2 mil pessoas, foi encontrado um adolescente de 17 anos segurando uma lata de cerveja. O Conselho Tutelar encontrou esse rapaz e, depois disso, aconteceu o que todos já sabem”, disse.
Cícero informa ainda que Israel Novaes entrou em contato já no domingo e está pronto para voltar a Imperatriz. Todos que pagaram e tiverem o seu comprovante (pulseira) terão a entrada garantida e a data será marcada pelo próprio artista.
Um peso e duas medidas
O proprietário da Santa Fé continua: “Para se contratar uma atração dessas não é fácil. O cachê é alto e é retirado da venda de ingressos na portaria, além dos custos de divulgação, contratação de seguranças, garçons, atendentes, pagamento de taxas e adequação às exigências do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Meio Ambiente. Houve o erro por conta de se extrapolar o horário, mas por que as autoridades não fiscalizam da mesma forma as outras casas? Por que os outros estabelecimentos funcionam até mais tarde e eu não? Cumpro com todas as minhas obrigações, mas sou injustiçado e prejudicado desta forma, enquanto meus concorrentes amanhecem o dia tocando festas. Gostaria apenas de tratamento igual em todos os casos”, diz.
Com a voz embargada, Cícero disse: “Iremos cumprir com nossa obrigação e marcaremos nova data, dentro da Santa Fé, às 22h, 23h, meia noite... não deu ninguém? Não tem problema, irá cantar para os garçons ou a produção, pois ele vai voltar e a Santa Fé não deve um centavo ao artista Israel Novaes. Eu não vou parar, tenho 46 anos de idade e já fiz 97 grandes eventos que deram certo dentro de Imperatriz, sendo que três deram errado. Eu não vou ser crucificado e não vou deixar de fazer o que eu mais amo na minha vida por três erros”, finalizou.
No fim, a casa foi prejudicada, talvez de forma irremediável, por conta de um ato injusto, sem o uso de imparcialidade ou isenção de juízos pessoais. Situações similares que foram tratadas de formas completamente diferentes, seguindo critérios aleatórios e à mercê da vontade das pessoas que as executam, também foram observadas outras vezes em eventos passados. (Sidney Rodrigues)
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