Hemerson Pinto
Segundo informações da Polícia Militar, as drogas estão relacionadas à maioria dos assassinatos que aconteceram nos últimos dias em Imperatriz. Até o momento em que este texto era escrito, dezesseis homicídios haviam sido registrados, só no mês de janeiro de 2014. O índice é alto para os primeiros 22 dias do ano.
Metade dos crimes aconteceu no último final de semana. Da noite de sexta-feira, 17, até a madrugada de segunda-feira, 20, oito pessoas foram mortas na cidade, por arma de fogo ou arma branca, incluindo os dois corpos encontrados no bairro Leandra, um no domingo e outro na manhã do dia seguinte. Pelo menos seis teriam como motivação o tráfico ou uso de drogas. Os números preocupam a Polícia Militar, responsável pelo trabalho preventivo em Imperatriz.
Na semana passada, a PM colocou as mãos em um jovem de 20 anos, vindo de Brasília, que trazia na bagagem quase 40 kg de maconha prensada. A prisão aconteceu após denúncia anônima, que informou sobre a chegada de um ônibus de empresa de turismo que entrava na cidade com o passageiro.
A droga seria entregue em uma boca de fumo da cidade. Na mesma noite, o Serviço de Inteligência da PM chegou a três suspeitos de terem encomendado a mercadoria. Ao final, apenas o jovem que transportava a droga ficou detido.
Na Vila Brasil, bairro localizado na região conhecida como Grande Cafeteira, a PM chegou pela quarta vez, em 1 ano, à casa de um suspeito de tráfico de entorpecentes. A apreensão de drogas e a prisão do homem e da esposa, suspeita de envolvimento nos negócios do marido, aconteceram na tarde da última sexta-feira. Nos casos onde traficantes são presos em flagrante e colocados em liberdade horas depois (o casal ainda permanece detido), o trabalho da PM é em vão e os distribuidores de drogas ganham força para continuarem agindo.
Quem trabalha no combate ao uso de entorpecentes, como nos programas desenvolvidos pelas igrejas católicas e evangélicas (entre outras instituições), sente dificuldades em encarar o problema social, como afirmou a O PROGRESSO um dos coordenadores do projeto Casa de Davi, de Imperatriz, Adivando Júnior, quando disse que muitos libertados do vício pelo centro de recuperação voltaram para as drogas e foram assassinados.
O mesmo pensamento tem o coordenador do projeto Esperança Viva, da paróquia São Francisco. Em entrevista à nossa reportagem, também na semana passada, Jonas cobrou atenção do poder público, com apoio aos centros de recuperação que lutam para livrar jovens, crianças e adolescentes do vício e do tráfico.
Pensando numa maneira de discutir o assunto e expor os riscos do envolvimento com drogas, para tráfico ou uso, a representante de uma entidade de pessoas com deficiência física resolveu voltar ao bairro onde nasceu e promover um debate com moradores.
A primeira ‘Roda de Conversa’ acontece hoje, no Parque das Mangueiras, às 9h, na escola Madalena de Canossa, próximo à Facimp. “O objetivo é orientar os familiares das crianças e jovens que estão se envolvendo nas drogas, inclusive vários morreram na comunidade. Dia 5 de janeiro foi sepultado um jovem de 18 anos que foi morto a pauladas e 4 tiros. Um menino bom que eu conheci e que resolveu se envolver nisso”, diz a idealizadora Maria da Conceição.
Entre os convidados para o debate sobre o tema no bairro, juízes, defensores, associações, fóruns e outras entidades voltadas para o combate às drogas. “Espero que meus convidados para este evento possam levar a ideia para outros bairros”, reforça.
‘Roda de Conversa’ é uma oportunidade, de acordo com Maria da Conceição, de autoridades saírem de seus gabinetes e ouvirem nas comunidades crianças, adolescentes e adultos envolvidos no mundo do crime, incentivados pela ilusão de um cigarro, uma pedra ou um pouco de pó. “Sou moradora e uma das fundadoras do Parque das Mangueiras, minha família ainda mora lá, assim resolvi abraçar essa causa”, declara.
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