Acadêmico João Renor e alunos declamam versos de José Chagas sob os olhares dos acadêmicos Benedito Buzar e Sebastião Duarte
Acadêmico Domingos Cezar abre o tema Rio Tocantins – Torrente de Civilização e Cultura

Na tarde/noite da última quinta-feira (9), em sessão solene realizada no Café Literário, acadêmicos da Academia Imperatrizense de Letras (AIL) e da Academia Maranhense de Letras (AML) realizaram extensa programação. Na primeira parte eles debateram o tema central do SALIMP: Rio Tocantins – Torrente de Civilização e Cultura; na segunda parte, homenagearam o poeta José Chagas.
Após abrir oficialmente a sessão solene, a presidente da AIL, Edna Ventura, passou a palavra para a educadora Rejane Kravetz, que mediou com muita segurança o debate com o tema Rio Tocantins, que teve como primeiro palestrante o acadêmico Domingos Cezar, jornalista e ambientalista com várias obras que expressam a defesa do rio Tocantins e dos que dele sobrevivem.
Domingos Cezar enfocou a cultura de atividades sociais e econômicas, tendo como exemplo a vida dos barqueiros (canoeiros), pescadores, lavadeiras, lavradores (vazanteiros da agricultura familiar), comerciantes ribeirinhos, água, como fonte de produção econômica para milhares de pessoas e o subtema água, como fonte de geração de energia, através das hidrelétricas.
O palestrante focou com mais veemência a questão das hidrelétricas, as quais, segundo ele, a geração de energia é uma verdadeira fonte de produção econômica para os empresários do setor. “Mas tem sido muito prejudicial à cultura e à economia dos ribeirinhos, pescadores, barraqueiros, barqueiros e outros que tiram do rio seu sustento”, disse Domingos Cezar.
    Ele lembrou que, desde o primeiro dia de funcionamento da hidrelétrica do Estreito, que esses profissionais vêm tendo prejuízos, uma vez que houve uma mudança na cultura e nos costumes do povo ribeirinho. “Este ano não tivemos praias, causando enormes prejuízos ao turismo e aos que o explora para sobreviver”, lembrou Cezar, reforçando que o povo ficou também sem o lazer de verão proporcionado pelo rio Tocantins.
Dissertaram ainda sobre o tema o acadêmico Agostinho Noleto, que enfocou a cultura dos costumes tocantinos (lendas, cânticos populares e folclore), a cultura da culinária do peixe, do lazer (praias, clubes náuticos e pescaria esportiva) e a cultura de inspiração literária (poemas, crônicas, contos, romances e música popular).
O escritor correspondente da AIL JH Guedes falou de água como fonte de vida (água potável, água para serviços urbanos e para atividades rurais). O maquinista e fotógrafo Fernando Cunha destacou a cultura do paisagismo (torrente de água, praias, cachoeiras e pedrais, matas ciliares e pôr do sol). Cunha, que também é ambientalista, só lamentou que essa cultura esteja ameaçada.
    O acadêmico Trajano Neto comandou a última parte de todas as considerações dos convidados e convidou por último a acadêmica Maria Helena Ventura, que enfocou a cultura religiosa tocantina destacando a chegada de Frei Manoel Procópio, o fundador de Imperatriz. Também destacou a vida e obra de Santa Teresa D’Ávila, padroeira da cidade, bem como a procissão fluvial que se realiza dia 15 de outubro em sua homenagem.

Homenagem ao poeta José Chagas

A homenagem ao poeta José Chagas, proposta pelo acadêmico Sálvio Dino, teve como primeiro palestrante o próprio Sálvio Dino, que também é membro da Academia Maranhense de Letras – AML. Ele lembrou que foi amigo do poeta, falou de suas consagradas obras e observou que o poeta lhe demonstrou grande amizade, quando ele teve seu mandato de deputado estadual cassado em 1964 pela ditadura militar.
O presidente da Academia Maranhense de Letras, Benedito Buzar, que também era deputado estadual e foi cassado junto a Sálvio Dino, destacou sua amizade com José Chagas e de sua genialidade como poeta e cronista. Benedito Buzar elogiou a iniciativa da Academia Imperatrizense de Letras, disse que o SALIMP é a maior realização literária do estado do Maranhão e lamentou não ter vindo nas edições anteriores. Prometeu que no próximo ano a AML vai se fazer presente em peso no SALIMP.
Historiador respeitado, Sebastião Duarte disse ter convivido muitos anos com José Chagas, a quem atribuiu como um dos maiores poetas do Brasil. “Ele teve várias oportunidades de sair do estado e ser reconhecido nacionalmente, mas preferiu viver no Maranhão por toda sua vida”, disse o historiador. Finalmente o acadêmico e professor João Renor de Carvalho, juntamente com alguns de seus alunos, declamou os versos mais festejados do poeta José Chagas. (Assessoria/SALIMP)