Domingos Cezar
Com o advento do mês de maio, começou o período do verão, já ventou geral anunciando a nova estação, mas as águas do rio Tocantins continuam descendo e subindo, variando de acordo com as ações ou com as necessidades do Consórcio Estreito Energia (CESTE). Desta forma, o ribeirinho, bem como o pescador, já não mais compreendem o “andar das águas”, como era antes da construção da hidrelétrica do Estreito.
Ao que se verifica, o rio Tocantins encontra-se ainda em torno de três metros acima de seu nível normal, devendo baixar pelo menos a metade para que possam aparecer os primeiros bancos de areia das praias do Cacau, do Meio, do Goiás e do Peso Duro, essas duas últimas em território do vizinho município de São Miguel, no estado do Tocantins, que também servem de balneários para os imperatrizenses.
Praias, até certo ponto mais distantes e menos frequentadas, como a do Imbiral, também no Tocantins, e Praia da Gaivota, no meio do rio entre os dois estados, bem como a Praia do Angical, já podem ser visíveis do interior das embarcações. Com o provável desaparecimento – mesmo que parcial – das praias mais próximas, Gaivota e Angical devem receber um número maior de banhistas este ano.
Pescador experiente, Raimundo da Silva Alves afirma que o vai-e-vem das águas desorienta até mesmo os peixes, que nessa época do ano costumam abandonar os lagos, através das restingas e riachos para atingirem as águas do Tocantins, quando seguem em cardume rio acima, conforme dita a própria natureza. “Até o momento, não vimos ainda um cardume dos que costumamos ver nessa época do ano”, lamenta Alves.
Para ele, todo esse comportamento deve-se, somente, aos técnicos e engenheiros do CESTE que abrem as comportas da barragem do Estreito de acordo com a conveniência do Consórcio. “O pescador, o barraqueiro, o barqueiro, o vazanteiro e todos os trabalhadores que dependem do rio que se danem”, desabafa o pescador, que também lamenta a grande quantidade de hidrelétricas construídas no rio Tocantins.
Esse movimento inesperado das águas do rio Tocantins é monitorado diuturnamente por técnicos da Superintendência Municipal da Defesa Civil, conforme revela o superintendente Francisco das Chagas Silva, o Chico do Planalto. Ele esteve em recente visita na usina hidrelétrica de Estreito, onde cobrou que fosse comunicado toda vez que as comportas fossem abertas para que pudesse tomar as providências necessárias.
Chico do Planalto está acompanhando também, com muita atenção, as praias do Cacau e do Meio, balneários considerados do município de Imperatriz, cujas programações de veraneio são programadas pela Prefeitura, por intermédio da Superintendência de Defesa Civil, com apoio da Secretaria de Planejamento Urbano e Meio Ambiente (Sepluma), e apoio de outras Secretarias do governo municipal.
A presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente (COMMAM), bióloga Ivanice Cândido Almeida, por sua vez, acompanha o momento das águas, bem como das dragas de propriedade de empresas que dia e noite retiram areia das proximidades da Praia do Cacau. Em função das várias denúncias, ela teme que o balneário Praia do Cacau possa ficar – por essa ação – inadequado para o período do veraneio.
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