Hemerson Pinto
Quarenta e três anos depois da morte do líder comunista Epaminondas Gomes de Oliveira, a família teve a oportunidade de ter acesso aos restos mortais e poder realizar o sepultamento na cidade onde o sapateiro morou por muitas décadas. O homem, que morreu aos 68 anos de idade, foi um dos nomes responsáveis pela resistência, na região, contra a Ditadura Militar.
O enterro aconteceu no final da tarde do último domingo, no município de Porto Franco, distante cerca de 100km de Imperatriz. Antes, membros da Comissão Nacional da Verdade - CNV, que investiga casos de desaparecidos políticos da época do regime militar, apresentaram um relatório sobre as investigações.
Uma missa foi celebrada antes de o caixão ser levado para o cemitério Jardim da Saudade. O túmulo no jazigo da família é ao lado da esposa de Epaminondas, a senhora Avelina da Cunha Rocha, que morreu em 2004. Epaminondas morreu no dia 20 de agosto de 1971 no Hospital Militar da Área de Brasília, onde estava sob custódia do Exército Brasileiro.
Em 1971, o líder comunista foi enterrado no cemitério Campo da Esperança, na capital federal. A comprovação de que os restos mortais encontrados no túmulo em Brasília são de Epaminondas foi anunciada pelo Instituto Médico Legal de Brasília no ano passado. A exumação aconteceu em 24 de setembro de 2013. Foi o primeiro desaparecido político a ser identificado pela Comissão Nacional da Verdade.
Imperatriz – Por volta de 23h05 de sábado, 30 de agosto de 2014, o voo trazendo o caixão com os restos mortais de Epaminondas, parentes e membros da CNV pousou no aeroporto Renato Cortez Moreira, em Imperatriz.
Em conversa com O PROGRESSO, o delegado de Polícia Federal e gerente de projetos da CNV, Daniel Josef Lerner, falou sobre o trabalho delicado que começou com pesquisa documental sobre a Operação Mesopotâmia, montada para prender lideranças políticas da oposição ao regime, na região do Bico do Papagaio. Epaminondas foi preso na operação em um garimpo no estado do Pará, no dia 07 de agosto de 1971.
Na entrevista, o delegado afirmou que Epaminondas foi perseguido antes de ser torturado aqui na região e em Brasília, para onde foi levado duas semanas antes da sua morte, atestada na época como por causas naturais, por anemia e desnutrição. “Ele foi torturado com choques até não resistir, e veio a óbito”, revelou à nossa reportagem.
O PROGRESSO também conversou com o perito médico legista Aluísio Trindade, que explicou todo o trabalho feito para comprovar que os restos mortais eram mesmo de Epaminondas. Reforçando a fala do delegado, o médico legista do IML do Distrito Federal, um dos que elaboraram o laudo que concluiu pela identificação dos restos mortais de Epaminondas, o homem gozava de boa saúde antes da prisão.
Epaminondas Gomes de Oliveira era natural de Pastos Bons-MA, município onde exerceu o cargo de prefeito.
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