Meu coração não tem dedos. Se os tivesse, não escreveria o que estou escrevendo. Apelo para o mais forte em mim neste momento - a razão - para deixar aqui estas palavras: Adalberto Franklin, amigo, colega, confrade, parceiro de ideias e ideais, irmão de utopias, deixou-nos.
Deixou-nos, porque Adalberto é um forte -- e são os fortes que vão à frente, fazendo a picada, abrindo as entranhas das brenhas do maior dos mistérios: a morte.
Há um estranhamento na alma, uma dor espalhada no peito, o nó da garganta dobra de tamanho... e uma teimosia de lágrimas embaça os olhos e dificulta escrever isto aqui.
Um amigo comum me liga perto da meia-noite da quinta-feira, 2 de março, e me pergunta se eu já sabia. De imediato, meu cérebro, minha alma e minha mente dão comandos que despejam fluidos como se me preparando para o perigo. Umas partes tremem, músculos contraem. Mas não há o que fazer e a notícia é dada: meu amigo acaba de falecer na solidão de uma UTI.
Nós que (ainda) estamos vivos criamos a ilusão de que somos eternos. Mas não somos. Somos enfermos, dia a dia caminhando para a única e definitiva verdade humana - a morte.
Ligo para familiares do Adalberto - será que um deles me diria que tudo não passou de um contratempo e que Adalberto continuava em franca recuperação, como há pouco tempo era o que se sabia?
A negação é a primeira fase da não aceitação. E dois familiares e, depois, alguns amigos, já entrando na sexta-feira, confirmam: o jornalista, editor, pesquisador, historiador, escritor, especialista gráfico, microempresário e macroamigo Adalberto Franklin nos deixou aqui, neste vale de lágrimas.
Não sei, não sabemos, não saberemos os planos de Deus. Mas Ele, mais que ninguém, conhece o Adalberto Franklin. Então, que Ele permita que esse supertalentoso amigo continue escrevendo lá no Éden. Que o Todo-Poderoso lhe conceda a mais exclusiva das entrevistas e, com ela, Adalberto escreva um livro com tintas de estrela, em papel de nuvens, e revele o mais completamente para nós os grandes segredos de Deus...
Força , Dª Iracema! Força, irmãos! Força, filhos! Força, muita força para todos vocês desse grande clã -- a família Pereira de Castro.
Você lutou muito, Adalberto.
A hora do descanso chegou...
EDMILSON SANCHES.
edmilsonsanches@uol.com.br
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