O segurança José Carlos Souza Costa, de 31 anos, entrou ontem (29) para a história como o primeiro paciente renal a se submeter a uma cirurgia de transplante de rim pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Imperatriz. O procedimento inaugura uma nova era na medicina da região e na cidade era esperado desde 2002. A cirurgia foi realizada no Hospital Santa Mônica e envolveu cerca de 20 profissionais.
Esse novo serviço público na saúde de Imperatriz é resultado da parceria do Ministério da Saúde, Governo do Estado e Prefeitura. O embrião do projeto, relembra a nutricionista Neusa Oliveira Araújo, uma das administradoras do Santa Mônica, foi implantado ainda em 2002. Ganhou uma pequena sobrevida em 2004 e só veio a tornar-se realidade agora, no final de novembro de 2013.
O transplante durou cerca de quatro horas e, conforme informou a direção do hospital, foi considerado um sucesso. Neusa Araújo informou ontem à tarde que o paciente entra agora na fase de observação pós-operatório e que na próxima segunda-feira o coordenador da equipe, o médico Antônio Dantas, deve reunir a imprensa para informar mais detalhes sobre o procedimento e a evolução do transplantado.
Para que o serviço fosse de fato e de direito incluído no portfólio de procedimentos médicos do SUS em Imperatriz, faltava uma interveniência política e esta foi feita pelo deputado federal Chiquinho Escórcio, que diversas vezes, algumas acompanhado do prefeito Madeira e da secretária de Saúde, Conceição Madeira, esteve no Ministério da Saúde junto ao próprio ministro Alexandre Padilha solicitando o credenciamento do serviço. A aprovação também passou pelo Governo do Estado, tendo o aval total da governadora Roseana Sarney.
A cirurgia - Os cirurgiões, nefrologistas, urologistas, anestesistas, os cardiologistas, enfereiras, a psicóloga, farmacêutica, o bioquímico e a assistente social chegaram mais cedo do que de costume ontem (29) no Santa Mônica. No ar, um clima de expectativa e apreensão, considerado natural pela equipe diante da complexidade do procedimento.
A cirurgia, que contou com o apoio de dois especialistas, um de Goiânia e outro do Rio Janeiro, estava marcada para começar às 8h, mas só foi iniciar às 8h40, o que não chegou a alterar em nada o trabalho dos profissionais.
Por volta das 9h, chegaram ao hospital a secretária municipal de Saúde, Conceição Madeira; o prefeito Sebastião Madeira; o subsecretário de Estado da Saúde, José Márcio Leite; o diretor da UPA de Imperatriz, Adhemar Freitas; a vereadora Fátima Avelino e ainda o deputado Antônio Pereira, que numa sala da diretoria do hospital recebiam as informações sobre a evolução da cirurgia dadas pelo médico Irisnaldo Félix, que integra a equipe de transplante renal de Imperatriz.
"Hoje Imperatriz vive um momento histórico na medicina. O transplante renal é um procedimento de alta complexidade, que traz esperança para centenas de pacientes que dependem de hemodiálise e são praticamente escravos de uma máquina que filtra o sangue, duas ou três vezes por semana", declarou Conceição Madeira, ressaltando sua felicidade como médica e gestora de saúde por viver esse momento da evolução da saúde pública de Imperatriz.
Para a secretária, a efetivação desse serviço não é só uma vitória da cidade, mas, sobretudo, dos médicos urologistas e nefrologistas que não mediram esforços para alcançar essa conquista que trará grandes benefícios para os doentes renais crônicos de Imperatriz e região, os quais agora não vão mais ter que se deslocar para outros centros para conseguir um transplante.
Já o prefeito Madeira, que é o médico que implantou a Urologia em Imperatriz no final da década de 70, ressaltou que o marco só foi possível por causa das parcerias firmadas entre Governo do Maranhão, Secretaria de Saúde de Imperatriz e Ministério da Saúde.
"Hoje é o primeiro transplante, mas a meta é fazer pelo menos 10 ou 15 por mês, levando cada vez mais a possibilidade das pessoas terem uma vida normal. Abre-se agora a perspectiva para outros serviços de alta complexidade como, por exemplo, um transplante hepático/transplante de fígado. Sinto-me muito feliz em estar participando deste momento histórico tanto como gestor como pessoa, pois estamos vendo a urologia de Imperatriz dar passos cada vez maiores para consolidar a especialidade aqui no município", destaca o prefeito.
O subsecretário de estado da Saúde, José Márcio Leite, ao se manifestar sobre esse novo serviço público da saúde de Imperatriz, relembrou que por coincidência, há 30 anos, fora ele quem credenciou o primeiro serviço de hemodiálise de Imperatriz. Para José Márcio, não resta dúvida que a chegada do transplante é a evolução de um trabalho iniciado naquela época.
O transplantado - O transplantado José Carlos Sousa Costa é casado e pai de dois filhos; morava em Balsas e por causa da hemodiálise, iniciada em 2009, mudou-se para Imperatriz. A esperança de retomar uma vida normal veio do irmão Junivan Costa, que lhe doou o rim.