Parece que foi ontem, mas segunda-feira (20 de fevereiro de 2017) completa 1 ano do início das operações da empresa RATRANS na cidade de Imperatriz. Ao longo deste período, alguns assuntos polêmicos foram travados na cidade, tendo como atores os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Gilson Neto, diretor da empresa Ratrans, deu uma entrevista exclusiva a O PROGRESSO.
Valeu a pena ter aceitado o desafio e vir "ressuscitar" o transporte público de Imperatriz?
Gilson - Nossa, foi, e está sendo muito difícil. As coisas estavam completamente fora do rumo no início do ano passado. A cidade ficou sem transporte e a população fez o que deveria fazer mesmo: procurou uma solução! Compraram motos ou passaram a ir ao trabalho, escola etc. de outras formas. O maior desafio tem sido esse: trazer o cliente de volta para o transporte público! Temos conseguido, pouco a pouco, recuperar a confiança deles!
Qual a receita para a recuperação desta confiança?
Gilson - Prestar um serviço de excelência, com segurança, simpatia, educação, respeito e pontualidade! Ouvi quase que diariamente dos usuários que eles eram humilhados, xingados e ofendidos no passado. Isso mudou totalmente! Além disso, investimos pesado em tecnologia, seja com a Bilhetagem Eletrônica, ou, principalmente, com o Aplicativo de Celular "Meu Ônibus Imperatriz". Fomos a segunda cidade do Brasil a contar com este serviço! São Luís, por exemplo, até hoje não conta com este aplicativo. Os Terminais de Integração de São Luís não possuem telas informando as previsões de chegada dos ônibus, como no Terminal de Imperatriz. São alguns exemplos.
O sistema de Imperatriz já cobre os custos da RATRANS?
Gilson - Infelizmente, não! Para falar a verdade, estamos longe do ponto de equilíbrio. Viemos para Imperatriz já sabendo desta realidade, mas o prazo para equilibrarmos os custos, em nossos planos, seria em agosto de 2016. Ainda não chegamos no ponto de equilíbrio, mas o projeto segue firme, até porque temos contado com o apoio de vários segmentos da cidade.
Não podemos deixar de perguntar: qual a sua reação acerca do projeto do vereador João Silva para legalizar o transporte clandestino?
Gilson - Bem... Eu acho que é sem propósito, visto que cidade alguma se desenvolve com o transporte clandestino. Deixemos claro: em todo o planeta, o transporte público tem regras.. Não é possível haver o transporte em massa e, ao mesmo tempo, carros pequenos, rodando apenas nos horários mais interessantes, nas rotas mais interessantes e transportando apenas pagantes, sem estudantes, idosos, cadeirantes etc. A Lei Federal prevê, para cidades com mais de 50.000 habitantes, a obrigatoriedade dos taxímetros no transporte individual. Também prevê que quem ordena o transporte é o Poder Executivo do Município... Enfim, se a Lei Federal for rasgada, aí não terá valido a pena toda esta luta pela cidade de Imperatriz. E a população é a primeira a decidir o que quer para a cidade: o caos ou a organização do transporte coletivo público.
Há investimentos previstos para 2017 na renovação de frota?
Gilson - Tudo vai depender da postura do Poder Público junto aos clandestinos e irregulares. Temos a melhor das intenções, mas até hoje não tivemos 1 real de retorno para o que foi investido ao longo do ano de 2016. Havendo retorno de capital, o investimento será automático! Basta ver a nossa malha operacional em São Luís.
A Ratrans opera a maior área do transporte de São Luís (280 ônibus), além de ser a única operadora do transporte de Imperatriz. Isso tudo sendo a única empresa maranhense dentre as gigantes do setor. Você se sente um vitorioso?
Gilson - Trabalhamos pela excelência no nosso ramo 24 horas, todos os dias. O resultado se vê a olhos nus. Não se trata do tamanho da empresa, mas sim da qualidade do serviço que ela presta. Olhando por este ângulo, sinto muito orgulho de ser parte da Ratrans e de tudo o que ela representa.
Após 1 ano, qual a análise que você faz do transporte na cidade de Imperatriz?
Gilson - Mesmo com muitas dificuldades, conseguimos transformar a cara do transporte de Imperatriz, que não tinha motoristas fardados ou treinados; que não tinha ônibus padronizados e confortáveis; que não tinha pontualidade ou confiabilidade. Hoje se vê um transporte moderno, pontual, confiável e com uma equipe treinada e preparada. Todos veem a diferença. Voltamos a confiar no transporte coletivo de Imperatriz. Não devemos nada para as grandes cidades brasileiras. Fazer parte desta mudança é muito legal! Sei que temos muito o que fazer, mas estamos no caminho certo!
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