O jornalista e ambientalista Domingos Cezar esteve na tarde da última quarta-feira (12) debatendo questões ambientais com acadêmicos do curso de Jornalismo, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O debate faz parte do currículo escolar dos alunos, os quais demonstraram preocupação com os problemas ambientais de Imperatriz, notadamente no que diz respeito aos riachos que cortam a cidade.
Membro do Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMMAM), onde representa a Fundação Rio Tocantins – Memorial do Pescador, Domingos Cezar palestrou durante cerca de uma hora e meia e ouviu também opinião e impressão dos estudantes, bem como respondeu todos os questionamentos como a derrubada da mata ciliar, construção de hidrelétricas, condição de vida dos ribeirinhos, entre outros.
O ambientalista voltou a frisar que não é contra a construção de hidrelétricas no rio Tocantins. “Sou contra é eles construir as hidrelétricas sem eclusas e sem as escadas dos peixes para que os barcos possam navegar normalmente e os peixes possam cruzar as barragens seguindo seu destino rio acima imposto pela natureza”. Ele disse também ser favorável à implantação da hidrovia Araguaia/Tocantins.
Domingos Cezar observou que recentemente esteve em Imperatriz um grupo de engenheiros e empresários de Brasília e do Rio de Janeiro, que discutiram no auditório da ACII o modelo de implantação da hidrovia, da sua necessidade e benefícios que traria para a economia do país. “Agora disse lá e volto a repetir aqui que acho contraditório se falar em hidrovia, mas sem construir eclusas nas hidrelétricas, e Estreito é uma prova disso”.
De acordo com o ambientalista, o CESTE – Consórcio Energia Estreito foi responsável pelo maior desastre ambiental quando acionou sua primeira turbina e matou cerca de 35 toneladas de peixe das mais diversas espécies que foram enterradas com pá carregadeira. O ambientalista falou da necessidade da implantação de uma Unidade de Conservação na área lacustre do rio Tocantins, entre Imperatriz e São Pedro D’Água Branca.
Segundo o ambientalista, as hidrelétricas são responsáveis pelas mudanças climáticas constatadas atualmente no rio Tocantins. “Elas tiraram o ganha pão de centenas e milhares de barqueiros, barraqueiros, vazanteiros, pescadores, o verão virou inverno e o inverno verão”, disse Domingos Cezar, lembrando que esse ano o período de veraneio durou apenas 14 dias em função das constantes enchentes em pleno verão.
Com relação aos riachos que cortam a cidade, Cezar afirmou que eles podem ser salvos, desde que a população se una com o poder público, cada um fazendo sua parte. A população se conscientizando de não jogar lixo nas ruas e nos riachos e o poder público cuidando da limpeza dos mesmos e replantando árvores nativas em suas margens que hoje estão completamente degradadas.
Indagado se os riachos Bacuri e Cacau poderiam voltar a correr naturalmente e os peixes voltarem a habitar suas águas, o ambientalista disse que sim. “Desde que seja feita a transposição do Bacuri para o Cacau à altura da Vilinha, os dois formariam um riacho caudaloso”, concluiu Domingos Cezar. Coincidentemente, logo após o debate uma forte chuva desabou sobre a cidade inundando ruas, praças e casas comerciais e residenciais. (Da Assessoria)
Publicado em Cidade na Edição Nº 15158
Questões ambientais são debatidas na UFMA por acadêmicos do curso de Jornalismo
Jornalista e ambientalista Domingos Cezar apontou pontos críticos e também soluções
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