Hemerson Pinto
Por volta de 16h de um dia ensolarado, em meados de junho de 1973, a antiga e extinta pista de aviação de Imperatriz foi tocada pelo monomotor Cessna 180 de prefixo PT-AVE. O pequeno avião era pilotado por um homem de 39 anos de idade que pouco menos de dez horas antes havia deixado o solo de São José do Rio Preto-SP para buscar novos horizontes.
Imperatriz não era a pretensão. O advogado José Clebis dos Santos queria ir para Marabá, no estado do Pará. Era esse o destino. A aterrizagem em Imperatriz era apenas para reabastecer o avião e talvez passar a noite. Ontem, 19 de março, José Clebis completou 80 anos de idade. No meio do ano, faz 41 de Imperatriz.
O plano de voo e os planos da vida mudaram rapidamente depois da aterrizagem na pista de piçarra. José Clebis foi convidado pelo comerciante Chico Babaçu para fazer um frete com o avião, levando uma mercadoria até o município de Axixá, no estado do Tocantins. Era uma viagem rápida, talvez cinco ou dez minutos.
Para Imperatriz não retornou sozinho. Trouxe o prefeito de Axixá e foi contratado para no dia seguinte voltar e apanhar três vereadores que também precisavam vir a Imperatriz. “Resolvi ficar por aqui mesmo e só depois de quase dois anos visitei Marabá”, disse o advogado.
Natural de Uchoa, interior de São Paulo, José Clebis viveu a infância e a juventude em São José do Rio Preto, cidade vizinha. Cresceu, virou advogado e funcionário público. O penúltimo de cinco irmãos, um dia entendeu que precisava buscar novos ares e apontou o monomotor na direção do Pará, esbarrando no futuro que estava mesmo era em Imperatriz.
“Aqui existiam somente duas Varas, a 1ª e a 2ª. José de Ribamar Fiquene era o juiz da 1ª Vara e José Delfino Sipaúba era da 2ª Vara. Cartórios, apenas 1º e 2º Ofício. Cinco advogados formados e três provisionados”, lembra.
Quando a cidade conseguiu abrigar 22 advogados, iniciaram-se as discussões pela criação da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil. Por isso, José Clebis pode ser chamado de um dos pioneiros da advocacia em Imperatriz e um dos fundadores da subseção da OAB, onde assumiu o cargo de presidente em 1992 e permaneceu por cinco anos. Foram dois mandatos. Teve participação importante na formação da Associação dos Advogados Imperatrizenses. Mais tarde, conseguira donativos para construir a Casa dos Advogados.
Além da advocacia, José Clebis contribuiu com o desenvolvimento de Imperatriz em um cargo público. No governo do ex-prefeito Davi Alves Silva, o advogado assumiu o cargo de secretário de Obras, Transporte, Urbanismo e Meio Ambiente.
“Como secretário de Obras consegui a estrada de acesso à Vila Davi e o asfaltamento da principal avenida que corta os bairros Vilinha e Parque Alvorada I e II. Abrimos uma rua, de piçarra, que liga o bairro Santa Lúcia à Avenida Pedro Neiva de Santana, passando ao lado da AABB. Ligamos Vila Davi ao povoado Água Viva”, conta.
O bloqueteamento da calçada do Fórum de Justiça Henrique de Rocque também foi realizado na gestão de José Clebis como secretário de Obras. “Quando secretário de Obras, fui criticado porque lavava o Mercadinho por inteiro e a Avenida Getúlio Vargas todas as noites”.
Outro fato inusitado foi brincar o carnaval, em um dos anos de sua gestão, usando fantasias de gari, acompanhado dos filhos. “Foi uma campanha para incentivar as pessoas a deixarem de usar os tambores de lixo, pesados e difíceis de serem manuseados pelos agentes de limpeza, e adotarem sacos plásticos ou sacolas. Também conseguimos para a cidade o primeiro caminhão apropriado para prensar o lixo”, afirma.
Aos 80 anos, José Clebis nem imagina em encerrar as atividades. “Enquanto Deus permitir, vou continuar”, diz.
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